Vou dizer isto antes, porque certas coisas devem dizer-se antes. Antes que aconteçam. O Di María vai recuperar e eu vou para o banco. É tão certo como eu chamar-me Enzo. Só jogo se ele não estiver bem, se ainda sentir aquela picada na coxa. É uma final e vai querer jogar. É o jogo de uma vida! Além disso, é feito de borracha e é bem capaz de curar.
Se mandasse, tirava o Lavezzi, mas todos sabem que não sou eu que mando.
O Biglia também fica, e pronto. O Pachorra gosta dele, já que eu não sou médio centro. Também está bem, fez o que lhe competia. Mas, olha, Angelito, tens de ter força. Tens de aguentar. Lembras-te como comias a relva com o Mourinho
? Vai ser pior!
O Masche não chega, apesar de teimar que sim, que consegue estar em três sítios ao mesmo tempo. Anda louco. É a nossa alma, o corazón das Pampas. Angelito,
é preciso que não deixes o Lahm subir pela direita. Olha bem para ele, olha-o nos olhos, encara-o de frente. E quando aquele mini-comboio, só de duas carruagens, acelerar, faz-me um favor e vai atrás. Não o deixes subir, amarra-o, agarra-te a ele como se estivesses atrasado para a reunião da tua vida. Apanha-o! O Rojo já vai ter o Müller por perto e talvez também o Khedira, e não podemos desequilibrar-nos. Ouviste Masche, olha-me bem para o miolo. Vão cair-te em cima. Mas não te rasgues, homem. Vai com calma! Vamos precisar de ti até ao fim. O Kroos, o Schweinsteiger, o Özil... Vão todos aparecer aí. Uns para rematar, outros para assistir ou fintar. E há o Klose, mas esse fica para o Demichelis e o Garay, eles que se entendam com ele. Se aguentarmos, se esperarmos, se os bloquearmos, temos mais hipóteses de cantar no fim. Vamos esperar que Messi sinta o momento, que seja mesmo Maradona reencarnado, e nos traga a Taça. Que o Kun, o Lavezzi ou o Pipita façam de Burruchaga ou Valdano. Vamos esperar que Müller não seja Rummenigge, que Schürrle não se arme em Völler. E vamos acreditar que D10S ainda é argentino. E, se for, algo vai acontecer. E eu vou entrar em campo.
«Agora que já esqueceram o Barbosa» (aka
«Não crucifiquem mais o Barbosa»)
é um espaço de opinião/crónica da autoria de Luís Mateus, subdiretor do Maisfutebol, que aqui escreve todos os dias durante o Campeonato do Mundo.
É inspirado em Moacir Barbosa, guarda-redes do Brasil em 1950 e réu do «Maracanazo»
. O jornalista é também responsável pelas crónicas de «Era Capaz de Viver na Bombonera», publicadas quinzenalmente na
MFTotal
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