Taremi abriu o livro. Falou abertamente sobre o passado, o presente e o futuro no FC Porto, em entrevista ao Football360. Soltou a voz para dizer o que pensa e, especialmente, como pensa. Não desrespeitou ninguém e provou ser um profissional de personalidade também fora das quatro linhas.

Infelizmente, o vasto conteúdo que a mensagem nos oferece quase sempre pouco importa. O que vale, acima de tudo, é a leitura simplista e sensacionalista do poder de opinões sinceras e palavras honestas, muitas vezes pinçadas e desconectadas do contexto.

Ao invés de discutirmos se um clube deveria ou não vender um jogador de 30 anos para segurar os jovens da formação, acabamos por destacar uma eventual indireta aos dirigentes. Não analisamos se o iraniano jogou (e rendeu) no meio-campo, enxergamos a visão de jogo de quem está dentro de campo como suposta insatisfação com Sérgio Conceição.

No ano passado, no Benfica, Vlachodimos sofreu da mesma limitação de raciocínio alheio (ou simplesmente má vontade). Foi perseguido por revelar que "estava pronto para seguir em frente" na carreira, fruto da pouca utilização com Jorge Jesus. Há quem acredite, sei lá, que querer jogar seja um crime.

Com respeito e sem ódio, os verdadeiros intervenientes precisam falar sempre. Longe de qualquer amarra ou censura. O futebol não é apenas jogado. É também falado.

* Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil.