O brilho de uma estrela no céu pode até confundir. Demora anos-luz para chegar à Terra. O brilho de uma estrela no futebol não engana. É imediato.

David Neres recusou prontamente o rótulo de «estrela» assim que chegou ao Benfica, mas quem tem luz própria não consegue passar despercebido. É impossível.

Não é preciso aparato tecnológico para observar e quantificar o talento do brasileiro. O resultado está a olhos nus. É nitidamente acima da média para o futebol português.

Teve impacto imediato na equipe de Roger Schmidt. Foram feitos, inclusive, um para o outro. É o atacante perfeito para o estilo de jogo do alemão: veloz, ágil, habilidoso, abusado e, sobretudo, inteligente.

Muitas vezes falta inteligência para os jogadores de beirada. Correr e pensar ao mesmo tempo é para poucos. Neres consegue. Tem uma leitura em campo diferenciada. Sempre teve. Foi assim no São Paulo e, especialmente, no Ajax.

O que o agora camisa 7 dos encarnados deixou de ter foi o brilho. Foi se apagando logo depois de ter iluminado toda a Europa na Liga dos Campeões de 2018/19. Lidar com o sucesso também é para poucos.

Entre altos e baixos no passado recente, David Neres evoluiu e ainda hoje deve ignorar, mas caminha para ser a grande estrela do Benfica. Aquela que vai brilhar em outros horizontes no futuro próximo.

* Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil