Antecipadamente, por força da qualidade e historial do Bayern, nem o mais otimista acreditava ser possível ao Benfica após os 90 minutos de Munique estar na luta por chegar às meias-finais da Champions. A verdade é que está. Se chegará à fase seguinte só na próxima semana se vai saber, mas o resultado do primeiro jogo não deixa a garantia de se poder sonhar na Luz… de olhos bem abertos. O principal problema será suprir a ausência de Jonas.

Antes de olhar para essa inevitabilidade, uma nota: o Benfica foi prejudicado pela arbitragem (Flávio Paixão, que joga na Polónia, desfez Szymon Marciniak, o juiz de Munique), mas essa é uma história com muitos capítulos. Só os mais distraídos podem esquecer-se do que se passou com o Sporting nos dois jogos da pré-eliminatória com o CSKA e mais tarde o FC Porto, na Liga Europa, também o sentiu na pele frente ao Borussia Dortmund. Em suma: como em muitas outras coisas, na alta roda da Europa, os portugueses não riscam, mas um dia vai chegar em que tudo mudará.

Do rescaldo da visita encarnada à Baviera ressaltam várias situações positivas: o trabalho de casa da equipa técnica liderada por Rui Vitória, a personalidade benfiquista, que podia ficar abalada com aquele golo madrugador, as oportunidades criadas frente ao papão, as exibições de Ederson e Fejsa, o fantástico apoio de cinco mil adeptos, trazer para Lisboa a decisão da eliminatória. Mas há uma que, não deitando por terra o conseguido, deixa muita gente a coçar o couro cabeludo: quem no lugar de Jonas?

A leitura mais fácil é esta: joga Jiménez. Tudo bem, seria troca por troca, mas… O mexicano não tem nada, mesmo nada a ver com o líder da Bota de Ouro e nas poucas vezes em que teve Mitroglou por parceiro as coisas não resultaram bem. Até pode ser que Rui Vitória vá por aí, mas, como já defendi (passe a publicidade) no programa «Mais Bastidores» da TVI24, não ficaria admirado se o lado esquerdo do ataque fosse entregue a Carcela, Gonçalo Guedes ou mesmo Salvio (hipótese mais remota), com Gaitán mais próximo do grego. Uma dúvida que só ficará esclarecida na noite de quarta-feira, altura em que o Bayern já contava estar nas meias-finais… e não está.

E se o sonho benfiquista é indesmentível, o que dizer do Sporting depois de ter passado impante pelo Restelo? Obviamente, por aquilo que continua a fazer, mesmo em desvantagem para o Benfica europeu, tem todo o direito de sonhar com a possibilidade de regressar a uma posição que foi sua semanas a fio na Liga. Mais do que a crença de JJ e seus jogadores, o importante é salientar a qualidade de jogo leonina, do mais refinado da competição. Daí, pois, também ter direito ao sonho.

Pena foi a atitude lamentável de Teo Gutiérrez (dou de barato a cena no momento da marcação da grande penalidade – lá teve o treinador de puxar dos galões) frente a Ventura. Quero lá saber que depois tenha pedido desculpa; a verdade é que o traumatismo facial já ninguém tira ao «keeper» azul, lesão que o ainda sportinguista podia ter evitado. É por coisas como esta, independentemente da melhoria de produção evidenciada, que me custa a crer que o colombiano fique em Alvalade na próxima temporada.

Enquanto os dois grandes de Lisboa mostram pujança, em plano inclinado segue o FC Porto. Não digo que esteja a agonizar, pois entendo que os portistas passam por crise que outros já viveram, mas quando os resultados não surgem questiona-se tudo. Jogadores, treinadores, comissões (e isso faz uma grande confusão a quem sofre pelo clube, o muito dinheiro que vai para os bolsos de gente próxima) e até o presidente.

Pinto da Costa não vai para novo, tem à sua espera novo mandato, certamente o mais complicado da sua longa gestão, mas não fora ele certamente o FC Porto não teria chegado aqui. Porém, como defendem algumas figuras com peso no universo portista, é hora de dar a cara e contar tudo. Para que não seja o indefeso José Peseiro a pagar por tudo o que está a acontecer.

PS1 – Ronaldo, Ronaldo, Ronaldo. O meu jogador preferido voltou a mostrar no local certo porque está muito acima de milhões de outros futebolistas. Ganhar em Camp Nou não é tarefa possível a todas as equipas, marcar no santuário «culé» só é possível a quem é predestinado. E com o golo de agora já são 10 com o carimbo CR7. Um feito que não apaga a má época «merengue» em Espanha nem apaga os continuados disparates de Sérgio Ramos.

PS2 – Em Espanha, e no Barcelona, joga aquele que para mim é o melhor ponta de lança mundial da atualidade e principal rival, apesar de tudo, na luta pela Bota de Ouro com CR7 e Jonas: Luis Suárez. Com um feitio que não interessa a ninguém, pois morde quando lhe pisam os calos, na arte de atirar ao golo é inigualável. Como se viu frente ao Atlético Madrid. Aquela segundo golo foi um pontapé deferido com a… cabeça.