«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».

O processo está em andamento, imparável. O mundo junta-se a esta causa, as CHUTEIRAS PRETAS sacodem a poeira, são engraxadas e voltam a brilhar.

Não há coincidências. Depois de dois números desta rubrica, Pep Guardiola percebeu que não está sozinho. Idealista, sonhador, quiçá o derradeiro moicano do futebol romantizado, o espanhol terá lido o espaço CHUTEIRAS PRETAS e ganho coragem para tomar uma decisão drástica. E definitiva.

A partir de agora, sentenciou Pep, nenhum jogador das camadas jovens do Manchester City está autorizado a calçar botas coloridas.

O mantra imposto pelo mais fiel seguidor de Johan Cruijff é simples e encontra eco neste cantinho do Maisfutebol: na busca pela excelência desportiva, os jovens executantes devem concentrar-se no futebol e banir todos os adereços potencialmente desviantes.

A notícia foi publicada pelo Manchester Evening News, jornal de forte influência na região, e acolhida com agrado de forma unânime. Para onde Pep vai, vão também as suas ideias. De jogo, naturalmente, mas não só.

Guardiola tem o condão de acreditar no que defende. E de passar com clareza as suas mensagens ao grupo que comanda. Isso é particularmente evidente nesta transição de Munique para Manchester.

Em poucas semanas, o treinador espanhol tinha absoluto controlo sobre o comportamento da equipa. Um ventríloquo, um mestre na arte de manusear marionetas. O que Pep decide, a equipa faz.

Ser um bom treinador é isto. Acreditar num código, levar o plantel a agarrar essas ideias e a partir daí manuseá-lo com arte e rigor. Se nesse código estiver previsto um futebol atraente, ainda melhor.

E, sim, é muito mais difícil trabalhar uma equipa para ser forte na posse de bola, no passe curto, na movimentação constante, do que organizar 11 homens competentes no processo defensivo e nas saídas rápidas para o ataque. Isso até uma boa equipa dos distritais consegue ensaiar em dois treinos semanais.

Pep Guardiola, o melhor treinador do mundo, gosta de CHUTEIRAS PRETAS e percebe tudo o que isso significa dentro do complexo laboratório que é um clube profissional de futebol.

É infalível? Felizmente, a modalidade não contempla essa palavra.

PS: Pedrinho (Paços Ferreira), um soldado de botas pretas
De duas em duas semanas, este espaço destacará um futebolista profissional que resista ao avanço do mau gosto na escolha das chuteiras.

Depois de Rafael Assis (D. Chaves), hoje é a vez de elogiar Pedrinho, talentoso médio contratado pelo Paços Ferreira ao Freamunde. Aí está ele, de CHUTEIRAS PRETAS na imagem que se segue, descoberto por dois jornalistas do Maisfutebol (Sara Marques e Adérito Esteves) em diferentes estádios da nossa Liga.

Parabéns, Pedrinho!

«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».