Tirambaço: substantivo masculino; Chute violento em direção ao gol. 

Dadá Maravilha.

Aaaaah, seu Dadá. Que personagem!

Na contagem dele são 926 golos. Nas palavras dele, «a maioria de canela ou de cabeça». E nas palavras de Rei Pelé, Cristiano Ronaldo é como ele. Maravilha.

Dario José dos Santos é carioca. E como diz Adriana Calcanhotto «cariocas são bacanas, sacanas, espertos, não gostam de dias nublados, nascem craques e têm sotaque».

São muita outra coisa também, mas para já chega.

Dadá Maravilha nasceu no Rio, foi centro-avante e jurou-se atleticano de Minas Gerais. Figuraça no Brasil, ele disse um dia que há duas coisas que nunca aprendeu a fazer: «Jogar futebol e falhar golos.»

Mais até do que os golos que marcou (oficialmente mais de 500), são as frases de Dadá Maravilha que ecoam pelo imaginário futebolístico.

Na terça-feira, quando Cristiano Ronaldo virou as costas ao chão de Turim, olhou o céu de frente e pontapeou para a eternidade, lembrei-me de uma dessas sentenças que seu Dadá ofereceu ao mundo da bola.

«Me diz o nome de três coisas que pairam no ar: helicóptero, beija-flor e Dadá Maravilha.»

Cristiano que nem helicóptero ou beija-flor. Igualzinho a Dadá. Cristiano que não é carioca, mas que também nasceu craque e tem sotaque. E que, provavelmente, não gosta de dias nublados.

Não conheço madeirenses suficientes para saber se eles são como os cariocas que Calcanhotto descreve. Mas há uns bons anos usaram uma expressão tão curiosa para me falar deles que mesmo que não seja verdade e tenha sido dita em jeito de piada nunca mais a esqueci.

Disseram-me que os madeirenses eram tão convencidos que acham que conseguem pontapear a Lua.

O que é uma impossibilidade, como o mundo sabe. Assim como sabe que não há madeirense mais convencido do que Cristiano Ronaldo.

O mundo que não se admire, portanto, se um dia destes não encontrar a Lua em lado nenhum…

O Tirambaço é um espaço de opinião do jornalista Luís Pedro Ferreira. Pode segui-lo no Twitter