«Se eu me chamasse Marrekovic» é uma rubrica do programa televisivo de desporto da TVI24 «Maisfutebol» (sextas-feiras, a partir das 22:00), da autoria de Luís Mateus, e que o próprio transpõe agora para o espaço digital. Criada a partir da frase original do futebolista Tozé Marreco, pretende destacar jovens jogadores portugueses em bom momento e a merecer maior atenção.

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Não é um nome que ganhe nas estatísticas, que entre nos tops, mas parte do bom que o Sporting de Braga tem feito nesta primeira metade da temporada, por cá e na Europa, assenta seguramente no futebol de João Carlos Teixeira.

Nasce em Braga. Muda-se para Alcochete até aos juniores, sai com rótulo de craque para o Liverpool, é emprestado ao Brentford e depois ao Brighton. Chega a dizer que acha que Jürgen Klopp gosta dele, mas acaba por reforçar a custo zero o FC Porto. Não é aposta de Nuno Espírito Santo, e Sérgio Conceição deixa-o sair para rodar em Braga. Faz bem, apesar da magreza com que fica o plantel do Dragão.

«Tenho 24 anos, quero é jogar!» Há muito que não o faz de forma continuada. Em Braga, perto do local onde nasceu, recupera parte do rasto que se diluíra desde que deixou os leões.

Já disse, não é um futebolista de números.

Um golo e uma assistência esta época, ambas na Liga Europa. O remate certeiro surge de cabeça após cruzamento da direita, feito pouco habitual nele e em qualquer futebolista de 1,77 metros.

Tem escola. Escola de clube, escola de seleção. Até aos sub-21. Encontra-se a si próprio sempre num futebol de apoio. De receção e passe, mas também de drible e de remate mais à frente, em zonas mais próximas da área.

Dá apoio, procura o espaço. Procura sempre a solução para que a equipa progrida. Nos flancos, entre as linhas adversárias, em diagonais ou simplesmente dizendo presente de costas para a baliza rival.

Tenta recuperar a bola quando a equipa não a tem. Apesar de franzino, de pouco disponível para o choque, joga com a matreirice de quem sabe o que pode esperar.

Sai do flanco, da esquerda, à procura do espaço interior que lhe permita abrir a visão periférica e lhe ofereça a capacidade de definir o início de uma jogada ofensiva. Desenhar diagonais imaginárias de companheiros que recebam um último passe ou desequilíbrios que aí desagúem, onde um companheiro pode fazê-lo por si.

Drible curto, um pouco refém do pé direito. Quer a bola, pede-a sempre, mas não a quer só para si. A equipa sabe que ele é sempre o seu porto de abrigo.

Aos 24 anos, deixem-no jogar. Nunca marcará muitos golos nem entrará muitas vezes nos dois dígitos de assistências, mas o futebol não é só feito de princípios e fins.

Se deixarem jogar João Carlos Teixeira, a equipa jogará com ele. E estará sempre mais perto de vencer.