A exibição do FC Porto foi má.

O Liverpool não é o Atlético de Madrid, sobretudo em estilo e conteúdo, e isso viu-se de forma demasiado clara no Dragão. Como se vira em 2018 e 2019, aliás, ainda que há dois anos as circunstâncias do 4-1 tenham sido distintas do 5-0 de há três.

Um trio de goleadas num Dragão habituado a fazer sofrer quem o visita. A dimensão desta nova derrota com o Liverpool começa aí. O FC Porto tem peso na Champions. E claramente um problema com a equipa de Klopp.

Aos jogadores do FC Porto 2021/22 sucedeu-lhes o mesmo que aos de 2017/18 e 2018/19. Com uma diferença. Depois do Liverpool, passou-lhes o próprio treinador ‘por cima’.

Sérgio Conceição teve palavras pesadas, duras, duríssimas. Disse que os juniores fariam melhor, que «foi vergonhoso» e rematou: «Se o que é pedido não é feito, não estou aqui a fazer nada.»

Falou grosso para o balneário, 'chamou' a direção e quis que toda a gente ouvisse.

A exibição do FC Porto foi mesmo má, mas já em 2018 tinha sido. A altura da temporada – aquela numa fase bem mais adiantada – não pode justificar a diferença de discurso.

Em 2018, o desempenho portista foi cheio de erros como se recorda pela crónica desse dia, mas Conceição, quando abordou falhas, não o fez neste vocabulário e tom. As diferenças são óbvias: exemplos aqui, aqui e aqui dessa noite.

Tendo sido meramente honesto no sentimento ou estratégico na ideia, Conceição arrisca-se a tornar péssimo o que já era mau.

O treinador do FC Porto não disse que os jogadores não o tinham ouvido. Disse, isso sim, que não o ouvem. O que faz toda a diferença. Por outras palavras, depois de lhes apontar as culpas no desempenho e resultado, Conceição disse que se calhar já não os consegue treinar e vai falar com o presidente.

Uma conclusão demasiado relevante e crítica para vir apenas de uma exibição má e um resultado pior perante um adversário gigantesco, único até ao momento a bater o FC Porto. Porque se assim for, as repetidas palavras de Conceição, e sublinhe-se o repetidas, são absolutamente desnecessárias, desproporcionais e comportam o risco de abrir feridas que podem não sarar, mesmo tendo em conta a equação FC Porto/Champions e a relevância de um 5-1 negativo no Dragão.