«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».

50 anos, a mesma cara de miúdo. Falo de Domingos Paciência, convidado especial da MF Total nesta semana em que temos um Clássico Sporting-FC Porto. 

Havia vários motivos para convidá-lo. Os muitos golos marcados pelos dragões em Alvalade, o trabalho feito no comando técnico do Sporting, a carreira de treinador estacionada há um ano à espera de um lugar melhor, os filhos Gonçalo e Vasco, também eles pontas-de-lança.

O Maisfutebol convidou e Domingos aceitou. Muito acessível, excelente comunicador, capaz de falar sobre todos os temas, até os mais sensíveis. 

Acabei a entrevista convencido de que o futebol português não pode prescindir de um treinador assim. Ainda tão jovem, ainda com tantas ideias e tanta paixão. 

Domingos sabe que não fez as opções corretas depois de sair do Sporting, a meio da época 2011/2012. Principalmente nas idas para a Espanha e a Turquia. 

Mas, pensem comigo, será que um treinador está pior em 2019 do que em 2011? Dificilmente. Se Domingos Paciência, um dos mais extraordinários avançados que tive o prazer de ver nos relvados portugueses, era há sete anos o nome da moda e namorado por dezenas de clubes, então é provável que esse treinador ainda exista e esteja bem vivo. 

Para os mais desatentos ou apenas mal intencionados, vale a pena lembrar que Domingos Paciência acabou uma época com o Sp. Braga no segundo lugar e qualificou os Guerreiros do Minho para uma final europeia. 

No Sporting aconteceu-lhe o que aconteceu, por exemplo, a Carlos Carvalhal. Os resultados não foram suficientemente consistentes e a impaciência levou a que os dirigentes se precipitassem na separação entre as partes. 

Domingos continua a ser um bom treinador, um treinador que procura o bom futebol e a boa organização. Merece uma equipa ambiciosa, em Portugal ou na Europa. Uma equipa que acredite, lá está, que o ocorrido até 2011 não foi um simples lampejo de sorte. 

Encontrei um Domingos de bem com a vida. Acredito que em breve verei um Domingos de bem com o futebol. 

«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».