Já tinha escapado à sua herança. Aquela de ser o novo-qualquer-coisa, que se torna fardo com os anos, se não somos bons. Ou então não nos deixa ser bons, se é que temos alguma coisa em nós. Alguma chama de talento. Até já tinha os meus próprios «descendentes», e a minha carreira está tão longe do fim. Acho que mal descolou do início! Já há novos Neymares por aí espalhados, e até que pendure as chuteiras vão aparecer de certeza mais uns quantos. Mas, agora, vão voltar a lembrar-se do velho.Vão comparar-me outra vez com ele. Bobeira! O Dani fez de Jairzinho, mas parou a meio-caminho. O cruzamento caiu à frente do segundo pau, e eu também planei como o Pelé. E o Ochoa, pá... O Ochoa encarnou no Banks. Voou, voou, e sacou aquela bola. Para escanteio! É verdade! Não foi tão bonito, não foi como o inglês, mas foi grande defesa. O Ochoa! Ele que desistiu da seleção azteca no ano passado. Não queria criar mau ambiente. Por causa de estar no banco. O Miguel Herrera também não deve ter querido arranjar problemas e lavou as mãos. Disse aos jogadores para decidirem. E ficou ele. Logo hoje, que podia ter ficado tudo encaminhado. Com certeza! Tudo direitinho para os oitavos. Nós merecíamos um Akinfeev, galera. E saiu-nos o mexicano chato armado em Banks. E, pior que isso, o Pelé vai andar a buzinar ao meu ouvido.  Vai dizer que ainda não consegui fazer como ele.  Ele, sem marcar, conseguiu entrar para a lenda. E o Banks entrou com ele!

«Não crucifiquem mais o Barbosa» é um espaço de opinião/crónica da autoria de Luís Mateus, subdiretor do Maisfutebol, que aqui escreve todos os dias durante o Campeonato do Mundo.   É inspirado em Moacir Barbosa, guarda-redes do Brasil em 1950 e réu do «Maracanazo». O jornalista é também responsável pelas crónicas de «Era Capaz de Viver na Bombonera», publicadas quinzenalmente na      MFTotal. Pode segui-lo no      Twitter ou no      Facebook.