«Eu não voto, mas vocês sabem o que eu penso. Normalmente, em ano de Mundial o prémio deveria ser para quem se destacasse nessa competição. Portugal e Cristiano Ronaldo não brilharam, quem ganhou foi a Alemanha, e a seleção alemã tem vários jogadores de topo.»
MICHEL PLATINI, presidente da UEFA


CRISTIANO RONALDO EM 2014:
(até 21 de outubro, claro…)

-- Campeão europeu de clubes pelo Real Madrid
-- Vencedor da Supertaça Europeia de clubes 
-- Vencedor da Taça do Rei de Espanha    
-- Melhor marcador das ligas europeias (a par de Luis Suarez), em 13/14
-- Atingiu marca de melhor marcador da história dos europeus (a par do dinamarquês Tomasson e do turco Sukur, com 22 golos
-- Melhor marcador da Liga espanhola 13/14, com 31 golos
-- Melhor arranque pessoal na Liga espanhola, com 15 golos nas primeiras oito jornadas de 14/15 (média de 1,88 golos por jogo!)
-- Recordista de golos numa edição da Champions (17 em 13/14), somando segunda marca seguida de melhor marcador na prova, terceira da carreira
-- Melhor Jogador UEFA, futebolista a atuar em ligas europeias (à frente de Neuer e Robben)


Os 47 golos marcados desde 1 de janeiro:

Pelo REAL MADRID (43):

6 de janeiro: Celta de Vigo, Liga, dois
15 de janeiro: Osasuna, Taça do Rei, um
18 de janeiro: Bétis, Liga, um
25 de janeiro: Granada, Liga, um
11 de fevereiro: Atlético de Madrid, Taça do Rei, dois
26 de fevereiro: Schalke 04, Champions, dois
2 de março: Atlético de Madrid, Liga, um
9 de março: Levante, Liga, um
15 de março: Málaga, Liga, um
18 de março: Schalke, Champions, dois
23 de março: Barcelona, Liga, um
26 de março: Sevilha, Liga, um
29 de março: Rayo Vallecano, Liga, um
2 de abril: Borussia Dortmund, Champions, um
26 de abril: Osasuna, Liga, dois
29 de abril: Bayern Munique, Champions, dois
3 de maio: Valência, Liga, um
24 de maio: Atlético Madrid, final Champions, um
12 de agosto: Sevilha, Supertaça europeia, dois
25 de agosto: Córdoba, Liga, um
14 de setembro: At. Madrid, Liga, um
17 de setembro: Basileia, Champions, um
20 de setembro: Corunha, Liga, três
23 de setembro: Elche, Liga, quatro
27 de setembro: Villarreal, Liga, um
1 de outubro: Ludogorets, Champions, um
5 de outubro: Ath. Bilbao, Liga, três
18 de outubro: Levante, Liga, dois


Pela SELEÇÃO (4):
5 de março: Camarões, Amigável, dois
26 de junho: Gana, Mundial, um
14 de outubro: Dinamarca, qualificação para o Euro, um

* 43 pelo Real; 4 pela Seleção

** ... e esteve lesionado, vejam lá se não tivesse estado 


Não, esta crónica não é para defender a tese de que Cristiano Ronaldo está condenado a ser o melhor futebolista de todos os tempos.

Muito menos se tentará afirmar nestas linhas o que, certamente com exagero, o seu agente Jorge Mendes ( «Nem nos próximos 500 anos surgirá outro como ele».) ou o treinador do Valência, Nuno Espírito Santo («Não acredito que haja outro Cristiano Ronaldo»). 

Como não sou capaz de fazer futurologia, nunca afirmaria algo sobre um devir que nunca chegarei a conhecer.

Mas o que afirmo, sem grande margem para falhar, é que a Bola de Ouro 2014 irá, direitinha, para Cristiano Ronaldo.

Se, há cerca de um ano, se começava a discutir o mesmo tema, desta vez não me parece que possa haver grandes dúvidas.

O rol de feito de CR7 nos primeiros nove meses e três semanas do ano já seria suficiente para lhe conferir o prémio. O que Ronaldo poderá ainda fazer até ao fim de 2014(e, sim, agora vou arriscar um bocadinho de futurologia, mas, caramba, é só de dois meses e uma semana, não de meio milénio...) deverá tirar todas as dúvidas.

Uma das eternas polémicas em torno da Bola de Ouro tem a ver com a conciliação da parte individual (na verdade, o que deve prevalecer, porque se trata de um prémio a um jogador, não a uma equipa)

Ora, o que o registo impressionante de Ronaldo em 2014 nos diz é que o atual momento de CR7 mostra o melhor jogador do Mundo num plano «meramente individual» e mostra também um jogador capaz de arrastar as equipas que serve (Real Madrid e Seleção) para os sucessos.

Sob a liderança de CR7, o Real Madrid coneguiu, finalmente, «levantar a décima» taça referente ao título europeu de clubes. Com Ronaldo ao comando, a Seleção de Portugal, depois de muitas hesitações e falhas, chegou à fase final do Brasil-14, graças a uma exibição monumental do supercraque português, em Estocolmo.

Ok, no Mundial CR7 não conseguiu evitar o insucesso português. Mas, mesmo a jogar condicionado e depoie dois meses de paragem ou a jogar com grandes limitações, ainda foi capaz de ser das melhores unidades de Portugal.

O que impressiona em CR7, além de estar o ano inteiro a marcar golos (em 2013, o filme tinha sido idêntico), é a capacidade de voltar sempre ao topo. 

Mesmo depois da lesão que o impediu de ter um Mundial no melhor, Ronaldo iniciou a época 14/15 na melhor forma de sempre: 15 golos em oito jogos na Liga espanhola.  Uma brutalidade.

Quem, no futebol internacional, é capaz de semelhante. De forma clara: ninguém. 

Neuer é um guarda-redes fantástico, sem dúvida. E foi fundamental para o justo título mundial da Alemanha. Mas não atinge o nível de CR7. Robben empurrou a Holanda quase, quase até à final: mas o Bayern, em 13/14, falhou na hora decisiva da Champions. E em números de golos, nem vale a comparar com Ronaldo.

Quanto a Messi, que adoro apreciar como génio que é do futebol, desta vez não entra nas contas de melhor futebolista do ano. Quem vê futebol diariamente, sabe que o argentino, simplesmente, não foi o melhor do Mundo.

Perante tamanhas evidências, só resta mesmo que CR7 tenha este ano, depois dos dislates do senhor Platini, a mesma reação que teve depois da «pantominice» do senhor Blatter: uma resposta imperial em campo, com ainda mais golos e ainda mais exibições de sonho.

Os adeptos merengues, claro, agradecem. E, já agora, agradecemos todos, de preferência também a 14 de novembro, com muitos golos à Arménia no Estádio Algarve, para mais um empurrão rumo ao França-2016.

Combinado, CR7?



«Nem de propósito» é uma rubrica de opinião e análise da autoria do jornalista Germano Almeida. Sobre futebol (português e internacional) e às vezes sobre outros temas. Hoje em dia, tudo tem a ver com tudo, não é o que dizem?