A primeira reação que tive ao acompanhar as repercussões dos trágicos acontecimentos vividos por Paris, a cidade de que mais gosto depois da minha Lisboa, foi esta: haverá condições de segurança para que se possa realizar em França o Campeonato da Europa de 2016? Percebo as preocupações dessa figura emérita que é Just Fontaine, mas a única leitura que deve ser feita é esta: não há terrorista, por mais expedito e bem armado que esteja, que possa derrotar, em primeiro lugar, a vontade de um Povo e, depois, o futebol.

Nunca pensei que na bela Paris, para mais depois do que se passou em Janeiro, com o ataque ao Charlie Hebdo, pudesse haver tais atentados, particularmente a tentativa de vários terroristas terem tentado um massacre brutal no fantástico Estádio de França. Mas nesse turbilhão de imagens traumatizantes e espantosas que na madrugada da passada sexta-feira me entraram casa dentro, tive tempo, mesmo assim, para regressar a 1998 e ao Mundial que consagrou a geração de Zidane e companhia.

Nesse tempo ninguém sabia o que era o Estado Islâmico – estou de acordo com o Xeique Munir quando diz que se deve dizer Estado Anti-islâmico – e as noites nos Campos Elísios eram intermináveis. Nesse tempo andava-se tranquilamente por Paris e não havia qualquer problema em viajar pelo país, de automóvel ou TGV, de Paris a Lyon ou Marselha, até Clairefontaine (onde a França estagia) ou Ozoir-la-Ferrière (onde o Brasil treinava) – lembras-te Quim Zé?

Nesse tempo, felizmente, ainda não tinha havido o doloroso 11 de setembro de 2001 – por isso os Jogos Olímpicos de 1984 e o Mundial 1994, nos Estados Unidos, foram manifestações fantásticas e tranquilas – e digo-o, com saudade, que deve ter sido o Campeonato do Mundo em que fui feliz a todos os níveis.

Pela segurança, tranquilidade, bom futebol e a camaradagem de grandes companheiros, entre eles o Joaquim Rita, o Pedro Ferrari, o António Florêncio, o Nuno Madureira, o Paulo Catarro ou o muito saudoso Bruno Santos.

Foi, de verdade, um Mundial inesquecível, como espero possa ser o próximo Europeu. Repito: percebo as preocupações de Just Fontaine, mas dar sinais de fraqueza é aquilo com que os terroristas jamais podem contar. Portanto, estou convencido de que a França fará a limpeza necessária e deixará os Campos Elísios despoluídos, cheios de Sol e tranquilidade, em condições de receberem quem gosta de futebol, da vida e da PAZ.

PS1 – A Seleção de Portugal foi para férias com uma derrota (merecida) pelo que não jogou em Krasnodar e uma vitória (tranquila) pelo que fez no Luxemburgo. E dando o benefício da dúvida ao selecionador, porque diz que ainda não escolheu em definitivo os 23 para a fase final, tenho a certeza de que aumentou, e muito (e se olhar para os sub-21), o lote de escolhas.

PS2 – Vem aí o terceiro Sporting-Benfica da época. Depois de dois triunfos indiscutíveis dos leões, reconhecendo que o Benfica deu alguns pequenos passos em frente, também porque jogam em casa, parece-me que os pupilos de Jorge Jesus estão em condições de chegar ao «triplete», afastando da Taça de Portugal um dos maiores rivais. Mas aqui jogo à defesa, como não há «derby» como este...