Tirambaço: substantivo masculino; Chute violento em direção ao gol.
Na Alemanha, a figura imensa que é o espanhol no futebol mundial foi para o banco e, com isso, a titularidade de José Sá passou a questão Casillas nas opiniões de alguns cronistas e adeptos.
O treinador do FC Porto foi interrogado sobre o tema. Todos lemos/ouvimos o que disse.
«Opção técnica».
Aquilo é o que fica (por isso está isolado neste texto), mas Sérgio Conceição disse mais. Disse que considerou que aquele onze titular, e José Sá fez parte dele, «era o melhor para começar o jogo de acordo com o trabalho diário e uma outra característica do adversário».
Analisando esta parte, diria que a origem de uma possível questão maior com Casillas (vi escrito que seria já um caso) está na generalização que o treinador fez para o onze.
Se Conceição falasse apenas do guarda-redes, não seriam estes também os critérios com que um treinador escolhe alguém para a titularidade, da baliza ao avançado? Trabalho diário/semanal, estratégia para o jogo?
Estivéssemos a falar de um médio (Oliver/Sérgio Oliveira) e o assunto, com base naqueles dois critérios, não era. Se resultasse errado, seria uma falha de estratégia, «nada mais» - com todas as aspas que isto implica!
Sérgio Conceição não é tipo de se refugiar, mas faltou responder, ou alguém perguntar, que características foram essas que o levaram a optar por José Sá em vez de Casillas.
Mais tarde, questionado se a opção por Sá era «apenas» para a partida com o Leipzig ou houve alguma troca na hierarquia da baliza portista, o técnico retorquiu: «Vamos ver. Hoje foi assim, mas os jogos são diferentes. Se falasse do José Sá, tinha de falar todos. Tinha de falar do Layún e do Ricardo, do Reyes e do Marcano. Não vou fazer isso, obviamente.»
O treinador do FC Porto tinha três opções: responder que Iker é o número um; dizer que Sá era agora o dono da baliza; deixar o tema em aberto.
A primeira implicava acabar com toda a especulação sobre um possível caso, mas sustentava melhor os críticos em relação à opção que tomou em Leipzig.
A segunda daria azo à especulação sobre Casillas e a terceira, que preferiu, também.
Essa terceira protege, de alguma maneira, José Sá da exibição na Alemanha e defende, em si mesma, o critério que Conceição diz ter usado em Leipzig.
Sérgio até terá sido coerente.
O problema, claro, é que Casillas não é um tipo qualquer e o passado que tem, para o bem e para o mal, fazem levantar o sobrolho - «decisão técnica» foi o mesmo argumento usado por José Mourinho. Ainda assim, factualmente e esvaziando-as, não há nas palavras de Conceição algo que indicie uma questão maior.
Certezas sobre se ela existe, porém, só quando o treinador aparecer na sala de imprensa para antever a jornada. Ou surgir a ficha de jogo do duelo com o Paços de Ferreira.
Até lá, parece-me que o mais relevante da partida do FC Porto em Leipzig é a abordagem global à mesma. Essa sim, à mostra de todos e… errada, pela segunda vez na Champions.
O Tirambaço é um espaço de opinião do jornalista Luís Pedro Ferreira. Pode segui-lo no Twitter