Ponto por Ponto é um espaço de opinião quinzenal do jornalista Vítor Hugo Alvarenga. Baseando-se no sistema de avaliação utilizado pelo Maisfutebol, classifica positiva e negativamente figuras e factos do panorama desportivo. Críticas e sugestões para valvarenga@mediacapital.pt.

POSITIVO

5 pontos: Ronaldo, Pepe e Patrício

Três internacionais portugueses entre os dezanove que tiveram votos na Bola de Ouro da France Football. Quarta Bola para Ronaldo, que goleou Messi na votação, um digníssimo 9º lugar para Pepe e Rui Patrício como resistente da Liga Portuguesa na 12ª posição. É certo que os seus votos vieram de Cabo Verde (5) e Macau (1), mas o guarda-redes merece a distinção e atravessa o melhor período da carreira. Aproxima-se dos 29 anos, está no ponto de maturação e não me levem a mal os sportinguistas: precisa de demonstrar a sua qualidade em outros campeonatos, como Ronaldo e Pepe. Não se trata de um ataque à dimensão ao Sporting, mas sim à projeção menor da Liga portuguesa por comparação com as «big four».

4 pontos: Iván Marcano

Partilhou com Felipe, Iker Casillas, Maxi Pereira, Alex Telles e Miguel Layún um registo impressionante de perto de 8 jogos e 744 minutos (incluindo o prolongamento em Chaves) sem golos sofridos. O segundo melhor do século em Portugal. As redes portistas voltaram a balançar nesta quinta-feira, com um pontapé fantástico de Djoussé. Nada a fazer. Fica ainda assim uma marca louvável, a contribuir para a recuperação do FC Porto. Todos justificam o elogio, em nítido contraste com a intranquilidade nos últimos meses da época passada, mas Iván Marcano deu o maior salto qualitativo. Conseguiu ultrapassar uma fase horrível, de pura falta de autoconfiança, crescendo ao lado do impetuoso Felipe. Capitão discreto e sereno, central limpo e leal, Marcano já demonstrava dois argumentos que considero essenciais para a posição: inteligência e sentido posicional. Com confiança, parece outro.

3 pontos: Minuto90.pt

Louvável iniciativa de alguns entusiastas da região do Porto. Deitaram mãos à obra e em cerca de dois anos tornaram-se uma referência no futebol distrital na zona, captando imagens que chegaram aos maiores veículos de comunicação. O Minuto90.pt conquistou prestígio e garante agora espaço no Jornal de Notícias, que aposta no seu JN Live. Encontro de interesses entre amadores e profissionais, justificado perante a qualidade demonstrada ao longo de 2015 e 2016. Projeto extremamente interessante.

NEGATIVO

2 pontos: José Peseiro

Ano pouco feliz para o treinador português. Foi anunciado no FC Porto a 19 de janeiro, aceitou trabalhar em cenário difícil e os dragões não melhoraram, pelo contrário. Perderam até a final da Taça. Teve a oportunidade de regressar a um Sp. Braga sem Boly ou Rafa, andou sempre em torno do pódio da Liga mas tinha o condão de não entusiasmar os adeptos como Paulo Fonseca fazia. Sejamos claros: os resultados podiam ser bons mas a equipa jogava pior que na época passada. Assim, os afastamentos de Liga Europa e Taça de Portugal precipitaram uma decisão que parecia inevitável: a saída de um bom treinador que perdeu crédito em 2016.

1 pontos: Vídeo-árbitro

Antes de mais, o termo: vídeo-árbitro. Não podemos dar a entender que o processo é marcadamente tecnológico quando, no fundo, temos apenas mais um árbitro a influenciar decisões, neste caso com recurso a vídeo. Os testes práticos no Mundial de Clubes correram mal. A tecnologia da linha de golo fará sentido, todo o sentido, mas aconselha-se cautela e reflexão profunda sobre o resto. Aquele penálti cometido pelo jogador do Atlético Nacional é polémico e somente uma carga entre muitas que ocorrem em 90 minutos de futebol. Qual o critério? Passaremos a avaliar todos os erros, todos os contactos, todos os lances, ou apenas os que despertam a atenção de mais um homem, se a iniciativa partir de si? Aí, passaremos a discutir a credibilidade desse homem, da mesma forma que discutimos – infelizmente – a coerência do juiz principal. Caminho perigoso.