«DRIBLE DA VACA» é um espaço de Opinião do jornalista Bruno Andrade. Pode seguir o autor no Twitter. O que é o «DRIBLE DA VACA»? Jogada no futebol que ocorre quando o jogador finta o seu adversário tocando a bola por um lado e passando por ele pelo outro. 

Não nasceu e cresceu torcedor do Sporting, mas vibrava como se fosse um. Não era mais jogador, mas ainda carregava os trejeitos de um. Chegou (estupidamente) até mesmo a não ser considerado técnico, mas cumpriu durante todo o percurso as funções de um.

Ruben Amorim não foi apenas o obreiro do título nacional dos leões. Foi, acima de tudo, a cara de um grupo que compreensivelmente lidou com a desconfiança no começo da campanha e, com justiça, deixou Benfica e FC Porto para trás. Uma cara, aliás, que sofreu tapas de diversos lados. Apanhou bastante.

Entre perseguições e castigos, críticas e exageros (do próprio, inclusive), conquistou passo a passo a impaciente - para não dizer chata - massa leonina da mesma forma que abraçou e uniu os jogadores, dos mais novos aos mais velhos: sem forçar a barra. Tão natural como a luz do dia.

De comunicação fácil e inteligente, apesar de insistir na “historinha para boi dormir” de não ser candidato, já justificou cada cêntimo dos mais de 10 milhões de euros investidos em março de 2020. Uma insanidade que acabou por ser paga na totalidade, com direito a uma gorda gorjeta e um aviso prévio: “Deixem espaço”.

A imagem que fica para já de Ruben Amorim não é do inesperado personagem que liderou o Sporting no fim do jejum de quase 20 anos. É do menino sorridente, piadista e trabalhador que, aprendendo a amar uma nova camisa, foi engolido pelos “companheiros de equipe” no tradicional banho de campeão na conferência de imprensa, num ato de afinidade raramente visto entre treinador e elenco.

*Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil.