«Balolas» é um artigo de opinião de Paulo Pereira, jornalista da TVI, que escreve neste espaço de duas em duas semanas.

Não consigo mesmo perceber como é que a saída de Jorge Silas do Sporting, foi «anunciada» nesta terça-feira. No mesmo dia em que os leões jogam em Famalicão? Mas o Sporting já não tem qualquer objetivo a atingir no campeonato? E o Sporting de Braga não é um adversário direto dos leões? Os arsenalistas estariam sempre de mãos atadas, a partir do momento em que Rúben Amorim tinha uma cláusula de rescisão de 10 milhões de euros.

O treinador Jorge Silas merece-me todo o respeito. Não o conheço pessoalmente, mas por aquilo que sempre mostrou, tem tudo. É coerente, sensato e não tem duas versões da mesma estória. Não teve de facto os resultados que certamente desejava, quando abraçou um projeto que nasceu torto, mas Silas sabia ao que ia. Mas não merecia o tratamento que lhe foi dado quando, ainda para mais, esta segunda-feira voltou a revelar todo o respeito que tem e sempre teve pelo Sporting, clube onde entrou pela porta 10-A tinha apenas 11 anos.

Então mas o culpado da situação do Sporting é o Silas? Como foram José Peseiro, Tiago Fernandes, Marcel Keizer e Leonel Pontes? Em ano e meio de mandato de Frederico Varandas, passaram pelo Sporting cinco treinadores. Rúben Amorim é o sexto.

Louvo a coragem do jovem treinador português para abraçar este desafio. Deixa um projeto mais sólido do que o que tinha no dia 23 de Dezembro, e ao qual estava ligado até Junho de 2022. É certo que o Sporting continua a ser considerado um dos grandes de Portugal, mas nesta altura está muito longe do que conseguiram Benfica e FC Porto nos últimos anos. E o Sporting de Braga aproxima-se a passos largos daquilo que são os maiores clubes portugueses. Começou pela base, pelas infraestruturas e os resultados hão-de aparecer. Os bracarenses sonham e ambicionam ganhar o campeonato e para lá caminham.

Quanto ao Sporting dificilmente encontrará o caminho desejado, tendo em conta a estratégia usada até aqui. Já se percebeu que o problema não são os treinadores. A questão é muito mais profunda e só não vê, quem não quer. A época está novamente hipotecada. Não é de agora, já estava. Enquanto caminha nesta amargura constante, a «estrutura» deve começar já a pensar a próxima temporada. O que não é bom, tendo em conta que chegar mais à frente na Liga é essencial, e esse tem de ser acima de tudo, o principal, e último objetivo para esta época.