O que raios fazia o carro da família de Sérgio Conceição num fim de noite nos arredores do Dragão?

O que raios fazia uma criança com a camisa do Benfica na arquibancada destinada ao Famalicão?

O que raios faziam os jogadores e a comissão técnica do Sporting em Alcochete durante a invasão à academia?

O que raios faziam Weigl e Zivkovic dentro do ônibus do Benfica no momento do apedrejamento na chegada ao Seixal?

O que raios faziam Marega, Sandro Cruz e vários outros jogadores pretos em campo durante os atos de injúria racial?

Seguindo a lógica do facilitismo que domina algumas mentes brilhantes, a culpa é quase sempre da vítima. Estão sempre nas horas e nos locais errados.

A banana está comendo o macaco no futebol português, e não é de hoje. São décadas de pura ignorância.

Reforço o que digo e escrevo frequentemente: não é apenas reflexo da nossa sociedade. É, acima de tudo, cada vez mais reflexo do nosso futebol.

Vivemos num meio recheado de ódio e frustração, onde muitos acreditam que estão - e muitas vezes são - livres para ser quem, de fato, são. A punição passa ao lado.

Uns mais, outros menos, todos temos parcela de culpa. Dirigentes, treinadores, jogadores, jornalistas, comentaristas, empresários e demais intervenientes da bola.

* Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil