No último sábado, os empates de Sporting - primeiros pontos perdidos oficialmente com Jorge Jesus, frente ao muito organizado Paços de Ferreira - e FC Porto - começa a ser repetitivo lembrar que os portistas se têm dado muito mal nas deslocações ao Funchal, particularmente nos jogos com o Marítimo - abriam caminho à liderança isolada do Benfica. Afinal… os encarnados ainda fizeram pior do que os rivais.

Sem pôr em causa os méritos do conjunto do Arouca, e muito particularmente pelo seu técnico, Lito Vidigal, pela organização que tanto desorganizou o bicampeão nacional, deu para perceber, no jogo de Aveiro, que ainda há muito cascalho para partir para as bandas da Luz. Especialmente se Rui Vitória insistir em manter-se seguidor de um modelo que resultou com outro treinador e… outros jogadores.

Pode ser duro para um treinador que só está no clube há dois meses afirmar-se que esteve perante uma oportunidade perdida mas, recorrendo ao que se passou nesses 95 minutos de Aveiro, o mínimo que se pode dizer é que Rui Vitória tem mesmo de pensar pela sua cabeça. E, mais, que perdeu a cabeça frente ao Arouca, pois não é por se jogar com mais gente no ataque que uma equipa se torna mais eficaz e triunfa. Apostando ao mesmo tempo em Jonas, Mitroglou, Jiménez, Carcela, Vítor Andrade e até Pizzi, que lucrou o Benfica com isso? Nada, nada, nada…

Embora não tenha a experiência de liderar um clube com a dimensão do Benfica, Rui Vitória tem de ser afirmativo nas suas escolhas e escolher o modelo mais adequado aos futebolistas que tem à sua disposição. Ao famoso 4x4x2 das duas últimas temporadas faltam «apenas» Lima, Salvio e Maxi Pereira. Portanto, se tiver de avançar para um modelo mais conservador mas que ao mesmo tempo garanta triunfos, parece-me que o treinador não deve hesitar. Até porque, sem qualquer sofisma, fica a ideia de haver mais espaço para o aproveitamento dos jovens, cartilha que Vitória tem de ler com o patrocínio de quem lidera os encarnados.

Por força de um passado recente, Rui Vitória tem de fazer prevalecer as suas ideias rapidamente, de modo a não ser ultrapassado por uma máquina que tem tanto de exigente como de pesada. O discurso já tem outro tom, mas essa é uma realidade acessória, pois falta o resto: a sua marca no futebol dos encarnados. E uma vez que aquilo que os adeptos mais desejam são vitórias, reafirmo a minha ideia: se tiver de escolher outra via para lá chegar…

PS: Pedro Proença é, em definitivo, apenas presidente da Liga de Clubes. Garantem-me que o seu afastamento do centro de decisões de arbitragem na Europa se ficou a dever ao facto de ter sido eleito com o apoio de clubes (FC Porto e Sporting) que eram defensores do sorteio. Se foi por isso, Platini e o guru Villar não prestam mesmo para nada.