Estive sempre bastante otimista relativamente ao reencontro do FC Porto com o «assustador» Bayern na Liga dos Campeões e nunca deixei de assumir essa possibilidade. Havia algumas razões para acreditar que podia ser noite de dragão: a produção da equipa nesta competição; ainda não ter perdido nenhum dos 10 jogos disputados, sendo o único emblema a poder pomposamente referir-se ao tema; o regresso de Jackson Martinez; os bávaros não apresentarem três das suas maiores figuras, no meu entendimento: Robben, Ribéry e Alaba. Passados os primeiros 90 minutos destes quartos-de-final, o dragão cuspiu fogo e chamuscou um bom bocado do poderio germânico. Vamos ver é se é suficiente para chegar às meias-finais.

Num Dragão engalanado para receber alguns dos melhores intérpretes da atualidade, os primeiros 10 minutos foram de sonho portista. Ainda antes do golo que tranquiliza o FC Porto nesta sua intenção de chegar muito longe na competição - mesmo dando a ideia de que o seu futebol era mais pequeno do que o habitual - a verdade é que a atuação do grupo liderado por este basco, amigo de Guardiola, foi de molde a não deixar que o Bayern fizesse gala do futebol considerado, em certos círculos, como o melhor da Europa.

Dizer-se que o FC Porto valeu pelo seu todo é o mais fácil, porque foi isso que se passou. Mas há dois jogadores que ficam mais diretamente ligados a esta vitória da «besta negra» do Bayern (Viena tem de estar sempre presente): Ricardo Quaresma e Jackson Martinez. O português, pelos dois golos que obteve e pelo que infernizou a defesa contrária. E, com o colombiano disponível, a dimensão do futebol portista é outra: é de Champions.

Não faço a mínima ideia do que acontecerá terça-feira em Munique, num recinto de muito má memória para o nosso futebol. Muito menos se os alemães conseguem recuperar algumas das suas vedetas. O que sei é que os portistas não podem contar com Danilo e Alex Sandro e essas são duas baixas enormes. E que a eliminatória está francamente inclinada para o lado portista. Sem querer abusar no plano da otimização acredito que a Champions pode continuar pintada de azul e branco.

PS: Foi Filipe Alexandre Dias, jornalista de «O Jogo», quem deu conta de todas as peripécias da contratação de Marçal por parte do Benfica e da forma como os encarnados «enganaram» o Sporting. Houve vários desmentidos, mas não tenho dúvidas quanto à veracidade dos textos da autoria do meu camarada. E, assim, no início da próxima época lá veremos o brasileiro de vermelho. Como foi possível os leões perderem a corrida? Faltaram-lhe 500 mil euros, coisa pouca para quem aumenta o passivo em vez de o diminuir, mesmo sabendo-se que Benito vai deixar mais-valias. Portanto como as dívidas são para pagar devagarinho… os ricos estão cada vez mais ricos.