No espaço de cinco dias, o Benfica não podia ter recuperado melhor do desaire em casa com o FC Porto, que quase deitava por terra as ambições para esta temporada. Venceu em Alvalade, jogando como a equipa liderada por JJ ali tinha empatado na época passada e roubou a liderança da Liga ao seu eterno rival. Venceu o Zenit na Rússia e, passados quatro anos, regressa aos quartos-de-final da Champions. Mesmo para os que não concordam com a ideia, a realidade diz-nos que estamos perante dias de sonho de encarnado vestido. O resto, como diz o povo, é letra.

O que é curioso no meio disto tudo (e essa é a minha leitura), na corrida pelo título, ainda aberta aos três maiores do nosso futebol independentemente do enorme percalço portista em Braga, os outros candidatos, leões e dragões, até devem estar satisfeitos pela continuidade na competição de clubes mais importante do Mundo (a juntar ao apuramento entram nos cofres da Luz mais seis milhões de euros, o que a juntar ao já amealhado dá para olhar para o futuro com otimismo), pois mais jogos significam mais desgaste e, quem sabe, dependendo do opositor que se segue, até pode levar a liderança a poder querer abraçar tudo a mãos ambas. E, muitas vezes, fica muita coisa pelo caminho, mas para já é hora de comemorar, como defende um dos grandes triunfadores desta caminhada, Rui Vitória. Treinador que, já se sabe, conta com a simpatia de Bruno de Carvalho.

Foram, pois, cinco dias fantásticos para os benfiquistas. E, sendo verdade que frente ao Sporting a equipa contou com a inépcia contrária, controversas decisões arbitrais e tendo até jogado contra o que é norma na Luz - como equipa pequena, porque não dizê-lo, embora quando está em causa uma liderança tudo se permite - na Rússia foi o Benfica de muitas e muitas jornadas da presente Liga. Sem receio do poderio contrário, jogando em campo todo, aguentando a pressão contrária e, porque não se desequilibrou após o golo de Hulk, colheu os frutos da sua ousadia e ganhou os dois jogos da eliminatória, com os improváveis Jiménez e Talisca a serem determinantes.

O que vem a seguir, juntando as duas competições, ninguém pode adivinhar. Se em Portugal ainda faltam nove jogos e muita coisa ainda poderá acontecer, não é menos verdade que o calendário favorece os encarnados. Travar a euforia é uma das missões de quem governa o clube, mas a tentação foi de antecipadamente reservar o Marquês de Pombal. Quanto à Liga dos Campeões, também pela qualidade, alguns dos tubarões (nem todos estão apurados, mas perto disso) já sonham com o Benfica. Mas por que não o Benfica pensar no Wolfsburgo? São dias de sonho, que até podem ter continuidade. É só esperar para ver.

PS1 – A única equipa portuguesa presente nas quatro competições inicia hoje mais uma fase do seu caminho na Liga Europa. O Sp. Braga, com ou sem bênção presidencial – o novo Presidente da República é assumido bracarense -, joga frente ao Fenerbahçe a continuidade na competição e tem, se me permitem, muitas hipóteses. Passa um pouco pelo jogo de logo. Fundamental: não sofrer golos. E se puder marcar… tanto melhor.

PS2 – Há qualquer coisa que não bate bem ou então nem todos vemos os mesmos jogos. Artur Soares Dias, o melhor árbitro da atualidade, mereceria «muito bom» se não tivesse permitido que Ewerton chegasse ao final do jogo sem cartão amarelo e se Renato Sanches tivesse sido expulso por entrada muito violenta sobre Ruiz. E mesmo dando-lhe o benefício da dúvida em dois lances na área de Ederson, não me parece que tenha sido um dos melhores trabalhos da sua carreira o jogo entre leões e águias.