As vitórias moralizam equipas, individual e coletivamente, e também treinadores. A ponto de, neste particular, o discurso sair mais fácil e fluido havendo mesmo responsáveis que se tornam um bocadinho mais agressivos. Basta ver o que se passou com JJ depois do triunfo na Luz, mas também com Rui Vitória após ter encaminhado os encarnados para a fase seguinte da Champions. E há também o caso de jogadores que pedem respeito e que aproveitam para afirmar, quais ícones, que não aceitam críticas ao grupo. Imagine-se se as coisas têm acontecido em sentido contrário…

Aos poucos, Rui Vitória, escorado no seu perfil anti-conflito, vai marcando posição. Aconteça o que acontecer já tem lugar na história benfiquista - mesmo que seja somente num cantinho - como resultado de um feito que contraria quase toda a história do clube: tornou-se no primeiro técnico a conseguir três vitórias em quatro jogos numa fase de grupos da Liga dos Campeões. Parece mentira mas é verdade.

Eventualmente por força dessa conquista (tendo em conta como param as modas não acredito, com todo o respeito, que o tinha dito ingenuamente) não perdeu oportunidade para deitar as garras de fora e fazer uma afirmação com destinatário que foi não ser esta situação muito normal no passado recente do Benfica. Se olharmos para as seis épocas anteriores, em que o SLB apenas em 2011/12 chegou aos quartos-de-final da Champions, não passando da fase de grupos nas restantes cinco, vê-se que o mister foi tudo menos ingénuo…

Depois, há também o pedido de respeito, gestual primeiro, verbal depois, de Luisão. Em relação à sua pessoa em primeiro lugar, para depois afirmar que não aceita que o grupo seja criticado. Vamos por partes. O passado e presente do capitão encarnado falam por ele. Realmente, 12 anos não são 12 dias, o avançar do tempo é inexorável, continua a ser um jogador capital no grupo e principal âncora, de certeza, do treinador. Mas havendo pessoas que o acham acabado (eu, sinceramente, não acho) isso não o pode deixar assim tão enxofrado. Até porque o pai desse reparo é figura de renome na sociedade desportiva e não se escondeu atrás de um biombo para dar a cara.

Já quanto ao resto, desculpe lá meu caro Luisão. Respeito, lá está, a sua posição, mas respeite também aquilo que pensam alguns, desde que com o devido balizamento. Era o que faltava não poder criticar-se um grupo de trabalho. É verdade, pela parte que me toca, que vez alguma esteve em causa o profissionalismo da equipa do Benfica, mas há dias em que nem tudo corre bem e há reparos que até contribuem para algumas melhorias. Portanto, enquanto a sua atividade for esta, com respeito, vai ter de continuar a lidar com as críticas. Como algumas, se calhar, parecidas com as que viveu em vários finais de época na Luz.

E por falar em respeito, merece Jiménez o respeito da enorme família benfiquista? É claro que sim, porque o mexicano se entrega à luta e não desarma do primeiro ao último segundo. O problema, porém, é que em relação ao futebolista que custou aos cofres encarnados nove milhões de euros por 50 por cento do passe, ninguém pode dizer que estamos em presença de um ponta-de-lança. Um ponta-de-lança tem por prioridade meter a bola na rede e quanto a isso… Mas, sem dúvida, que continua a merecer total respeito.

Falta dizer ainda, no domínio do respeito, que o do FC Porto saiu reforçado, mais uma vez, na Liga dos Campeões, não tanto pelo triunfo conseguido em Israel – a jogada do segundo golo foi de compêndio, como de compêndio, mas do disparate, foi o penalti assinalado contra os dragões… -, mas porque se abrem as portas da 13.ª presença da equipa na fase seguinte da mais importante competição mundial de clubes.

PS1: André Vilas Boas está em grande, pois levou o Zenit ao quarto triunfo em quatro jogos na Champions, estando já na fase seguinte da prova. Já o seu anterior líder, mesmo aos soluços, deu um pequeno pontapé na crise vencendo o Dínamo Kiev. Porém, as coisas estão longe de entrar nos eixos. E que dizer de Marco Silva? Fez o tirocínio em Alvalade, confirma-se no Pireu.

PS2: depois da caixa com a esfinge do «king», dos vouchers, das camisolas e camisolinhas, dos lanches e alguma comida no final do jogo, depois de no passado haver no balneário do árbitro peças em cristal, relógios e artigos em ouro, desde apitos a outras coisas bastante mais suculentas, surgem, agora, os roupões personalizados. Por este andar, se não se põe um travão na coisa, qualquer dia voltam as viagens e sabe-se lá mais o quê.