Adora ser cortejado. Como se de uma «miss» se tratasse. Ou uma figura do «show business». Ou mesmo a primeira figura de um filme candidato aos Óscares. Jorge Jesus é assim. E tem motivos para tal? Se olharmos estritamente pelo lado profissional, para aquilo que faz nas equipas em que trabalha ou pelo que extrai dos futebolistas, sem dúvida absolutamente nenhuma. E é isso que me interessa enquanto parte integrante desta indústria.

Acredito ser verdade, pois os desmentidos nunca foram muito veementes, que o FC Porto, através da sua figura principal, manifestou mesmo a Jorge Jesus a vontade de o ver na liderança dos dragões. Seria o culminar de um namoro antigo que terá para aí quase uma década. Pinto da Costa tem consciência de que é preciso um abanão dos grandes no edifício portista (mesmo que alguns dos seus pares não morram de amores pelo treinador, como se diz ser o caso de Antero Henrique) e que JJ é o homem ideal para o fazer.

Mas, mesmo que o projeto seja aliciante e Jesus tenha carta branca para construir uma nova casa A partir da base, em boa verdade há razões fortes para que troque Alvalade pelo Dragão? Numa análise simplista a resposta é não, ganhe ou não a Liga, realidade que só deve conhecida dentro de 10 dias, pois poucos acreditam que isso possa acontecer no próximo fim-de-semana.

Mais do que os recordes, que estão aí para serem batidos, nunca o Sporting, pelo menos neste século, jogou de forma tão consistente e brilhante como na presente temporada, nem nunca o Estádio de Alvalade registou assistências como as verificadas nesta Liga, sinal forte de que os adeptos gostam daquilo que têm visto.

Sim, nem tudo foi perfeito dirão alguns - e há duas ou três razões para que isso se tivesse verificado: um plantel que só depois de Janeiro mostrou mais soluções na corrida ao título; falta de eficácia particularmente em dois jogos capitais, Guimarães e com o Benfica em casa; mas uma equipa que pretende conquistar a Liga «não pode» empatar no seu ambiente com Paços de Ferreira, Rio Ave ou Tondela, para mais depois do que produziu fora de Alvalade.

A juntar a isto, JJ, muitas vezes destemperadamente, provocou de tal forma o rival que o toque a unir na Luz se ouviu nos quatro cantos do mundo, depois de no balneário – e isso foi determinante – todos terem concluído que era tempo de calar o técnico das últimas seis épocas com vitórias. E muitas delas têm acontecido porque o querer muitas vezes se tem superiorizado ao saber.

Mesmo assim, volto ao início: não há nada que a mim, enquanto observador, me garanta que Jorge Jesus tem motivos para deixar a meio o trabalho iniciado no Sporting, até porque a próxima temporada, mesmo com as baixas que se anunciam – saídas de Slimani e João Mário ou William Carvalho – tem tudo para ser mais forte. Nesse sentido, acredito, como diria JJ, que a sua continuidade nos leões é uma inevitabilidade.

E se for caso disso, Bruno de Carvalho também tem nas mãos a solução do problema: como já referi mais de uma vez na TVI24, no dia em que anunciar oficialmente a sua recandidatura tem o treinador a seu lado a renovar o contrato por mais duas épocas garantindo à nação sportinguista que o caminho será feito a dois.

PS1 – Reinaldo Ventura chega aos 38 anos a 26 deste mês e continua a jogar hóquei em patins como se tivesse começado ontem. No FC Porto, seu clube do coração, conquistou 12 Campeonatos Nacionais, 7 Taças de Portugal, 8 Supertaças António Livramento e 1 Taça CERS. Pela Seleção Nacional foi campeão mundial em 2003. No último domingo, com a camisola do seu atual clube, Óquei de Barcelos, voltou a conquistar a Taça CERS. E, como sempre, dividiu os louros com gente que muito gosta da modalidade. À campeão. Obviamente, tiro-lhe o chapéu.

PS2 – Há qualquer coisa de muito estranho no mundo da Fórmula 1. Depois de duas épocas consecutivas de exclusivo domínio de Lewis Hamilton, quem manda agora é o seu companheiro de equipa Nico Rosberg. Ou seja: a Mercedes faz o que quer dos outros, particularmente da Ferrari. Onde, ainda por cima, para grande espanto meu, há um menino mimado, com mau perder, por muito que me custe escrever isto: Sebastian Vettel. Como em tudo na vida é preciso estar atento e contar com a irreverência dos mais novos.