Os estilos não se confundem, as ideias de jogo também não. Foram jogadores de galáxias distintas, e o mesmo deve dizer-se em relação à personalidade. A verdade, insofismável, é que são, seguramente, mesmo não existindo uma tabela específica que o possa quantificar, os dois melhores treinadores de futebol do presente e do futuro, já que o passado recente quanto a conquistas não deixa dúvidas. Obviamente, refiro-me a José Mourinho e Pep Guardiola, recentes vencedores da Premier League (Mou após nove anos de interregno, período em que bisou o scudetto no Inter e travou o Barcelona) e Bundesliga (o catalão, pela segunda vez em duas épocas).

Mesmo assim, ainda que se tratem de duas enormes figuras, e por isso mais expostas, há sempre quem seja do contra. E é esse o motivo desta crónica.

Ruud Gullit, por exemplo, foi dos mais fenomenais profissionais de futebol, particularmente nas duas últimas décadas do Século passado e de forma expressiva com a camisola do AC Milan. Mas, enquanto treinador, ficou-se pela conquista, apenas, de uma Taça de Inglaterra, em 96/97, frente ao Middlesbrough, com as cores do… Chelsea. Se pensarmos que José Mourinho acaba de conquistar o 22.º título em quatro clubes distintos…

Disse o holandês que quando se está em presença de um treinador brilhante e tendo os jogadores que tem, o Chelsea devia jogar muito mais e ser uma equipa menos aborrecida. Quanto ao brilhante que é Mourinho tudo bem. No que respeita ao futebol aborrecido em alguns jogos também posso concordar. Agora, quanto aos jogadores que tem é que já não vou por aí: basta comprar este plantel com os das formações de Manchester…

Podia o Chelsea jogar mais quando termina a época com o quarentão no ataque (Drogba)? E com a maioria dos médios «chupados» até ao tutano, ainda por cima depois de Cuadrado nada ter acrescentado? Será que as atuações de Zouma no «miolo» foram por vontade do treinador ou exigência da defesa dos resultados? Como diria o falecido grande jornalista que foi Viriato Mourão: « querem arte, contratem o Mozart». Ou será que os holandeses (como também o é Cruyff) têm inveja do trabalho feito por este fantástico português? Acho que é mais isso...

Já Guardiola não escapou às críticas de outro grande futebolista, Stefan Effenberg. Pep já chegou aos 20 títulos, os últimos cinco no intenso e físico futebol alemão, mas o antigo médio do Bayern, que não se tornou treinador, entende que embora a equipa bávara tenha 65 a 70 por cento de posse de bola quer a todo o custo jogar de forma ofensiva. Sinceramente, acho que Effenberg está um bocado baralhado, pois nos últimos tempos nunca se viu uma equipa a jogar como o Bayern. Agora, como acontece com todos, se não tiver Robben, Ribéry, Alaba e mais todos os outros que estão lesionados é difícil agradar a todos. Em suma: parece crime conquistar títulos, especialmente de campeão, em dois países muitíssimo competitivos.

Finalizo com outro treinador português: Petit, técnico do Boavista. Sim, no início da época fui um dos que pensaram que os axadrezados tinham poucas hipóteses de continuar na Liga principal, especialmente porque vinham de muito lá do fundo. Enganei-me totalmente. Feitos os ajustes necessários no plantel, o Boavista garantiu a manutenção a três jornadas do final. Parabéns por isso a Petit, mas também a João Loureiro e Álvaro Braga Júnior.

PS: parece que o FC Porto está interessado em Nolito, mas a transferência do atual jogador do Celta de Vigo só poderá acontecer se o Benfica, que detém parte do passe, estiver de acordo. Logo, a confirmar-se que os portistas querem mesmo o jogador… não haverá transferência. Porque neste particular, os clubes portugueses, todos, ainda são do tempo da pedra lascada.