Transmitida pela TVI/TVI24, a Copa América 2015 tem proporcionado jogos de grande intensidade e emoção, sempre dentro do registo muito próprio das seleções daquele continente. Terminada a fase de grupos da prova, Chile e Argentina perfilam-se como principais candidatas ao título.
 
A seleção anfitriã tem apresentado o melhor futebol da prova. Vertiginoso, apaixonado, empolgante. Arriscado, com carências defensivas, mas atrativo. E validado pelos resultados. Foi a única equipa que venceu por mais do que um golo de diferença na primeira fase. E em duas ocasiões: 2-0 ao Equador, no jogo inaugural, e 5-0 à Bolívia na terceira ronda.
 
A seleção orientada por Jorge Sampaoli parece ter suportado até o impacto do acidente de viação protagonizado por Arturo Vidal, a sua figura maior. E depois conta com Jorge Valdívia a um nível elevadíssimo, sem esquecer Alexis Sánchez, Eduardo Vargas ou Claudio Bravo.
 
A Argentina tem Messi, e só isso é motivo mais do que suficiente para colocar esta seleção na linha da frente. Ainda que o capitão tenha deixado a ideia de estar a guardar-se para os jogos a eliminar. A seleção de «Tata» Martino não foi convincente na fase de grupos, mas pareceu mais uma mentalidade de «serviços mínimos» do que outra coisa, que estruturalmente a equipa até parece mais sólida do que a versão de Alejandro Sabella que chegou à final do Mundial.
 
O Brasil já não tem Neymar, e só isso é motivo para não colocar o «escrete» na linha da frente. Que é muito diferente de dizer que não tem qualquer hipótese de vencer a Copa América. Mas a dependência de Neymar é evidente, e os quatro jogos de castigo aplicados ao avançado do Barcelona têm de ser vistos como um duro golpe nas aspirações brasileiras. A «canarinha» acabou a fase de grupos em pânico, encostada às cordas com quatro centrais e dois médios defensivo, e pela frente estava «apenas» a Venezuela. O regresso de Dunga continua sem entusiasmar, ainda que o registo apresente doze vitórias e uma derrota no ciclo pós-Mundial.
 
O único desaire brasileiro foi provocado pela Colômbia, que curiosamente precisou de ajuda «canarinha» para chegar aos quartos de final.  Com Radamel Falcao ainda longe de registo interrompido por uma lesão grave, e com Jackson Martínez estranhamente relegado para terceira ou quarta opção de ataque, os «cafeteros» têm também revelado muitos problemas na construção de jogo, e os adversários já perceberam que tirar James Rodríguez do jogo é meio caminho para o sucesso.
 
Tal como a Colômbia, o Uruguai chegou aos quartos de final via terceiro lugar, revelando uma segurança defensiva dentro dos parâmetros habituais mas um potencial ofensivo muito condicionado pela ausência de Luis Suárez, até porque Edison Cavani está longe do seu melhor. A equipa de Óscar Tábarez só marco de bola parada na primeira fase (dois golos).
 
Peru, Paraguai e Bolívia não têm a mesma qualidade individual, mas compensam isso como assinalável coesão coletiva, e será com esse trunfo que vão procurar chegar longe na competição. E se o Paraguai terá de bater o pé ao Brasil para continuar em prova, Peru e Bolívia vão medir forças entre si, pelo que uma destas seleções vai chegar às meias-finais, onde já todos os sonhos são permitidos.

«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos.   Siga-o no Twitter.