«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.         

Os últimos jogos do Sporting confirmaram uma revolução na linha defensiva que Jorge Jesus começou a preparar em janeiro. Nos últimos sete jogos só uma vez o técnico leonino não apostou num quarteto formado exclusivamente por jogadores que chegaram a meio da época (Schelotto-Coates-Semedo-Zeegelaar/Bruno César).

Curiosamente, o único jogo em que tal não aconteceu foi aquele que o Sporting perdeu neste ciclo: o dérbi com o Benfica (João Pereira-Coates-Ewerton-Jefferson). Coincidência ou não, o que fica evidente é que Jorge Jesus foi percebendo, ao longo da época, que precisava de outras opções para colocar em prática os exigentes princípios defensivos que já tinham ficado bem vincados ao serviço do Benfica.

Ainda que algumas mudanças tenham sido promovidas por problemas físicos, a verdade é que nesta altura só Jefferson parece estar em vias de recuperar o lugar do onze, até porque Bruno César apresenta-se essencialmente como opção para aqueles jogos em que pode jogar como extremo mesmo quando começa a lateral, já que noutra perspetiva as garantias defensivas não são as mais sólidas. Não se pode dizer que Jefferson encaixe perfeitamente no perfil habitualmente procurado por Jesus, mas a produtividade ofensiva tem feito dele uma peça influente.

Mas ao olharmos para Marvin Zeegelaar, Rúben Semedo, Sebástian Coates e Ezequiel Schelotto percebemos o que Jesus procurou com a revolução. Desde logo mais estatura e velocidade para continuar a moldar a linha defensiva à sua exigência: forte nas bolas paradas (também ofensivamente) e em total sintonia no controlo da profundidade, esteja mais ou menos subida no terreno. Um quarteto que funcione sempre como uma linha perfeita, mas com velocidade suficiente para compensar quando tal não sucede, ou quando o mérito do adversário faz com que tal não seja suficiente.

É nessa perspetiva que Sebastián Coates assume o papel de líder da revolução e tem mostrado ser um central de qualidade indiscutível para o futebol português. Pela serenidade que transmite aos colegas, num registo discreto mas autoritário. Pela maturidade que já exibe, embora tenha apenas 25 anos. Pelo poder que dá à equipa no jogo aéreo, mas também pela agilidade com que desarma junto à relva. Pela vontade de sair sempre a jogar, mesmo depois de um desarme, sem perder a noção de quando é inevitável meter a bola na bancada.   

Estranho será se Bruno de Carvalho não estiver já a juntar os cinco milhões de euros para acionar a opção de compra.