«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.         

Remetido para o banco no dérbi com o Boavista, André Silva voltou ao onze do FC Porto diante do Nacional, mas num papel ligeiramente diferente do habitual. Mais extremo do que nunca (na equipa principal), mas nunca um extremo verdadeiro, o internacional português marcou dois golos e contribuiu para os indicadores positivos que Nuno Espírito Santo terá guardado, até pela maior goleada em sete anos e meio de Liga.

Desde o início da época a oscilar entre o 4x4x2 e o 4x3x3, o técnico portista avançou para mais uma variante que mistura os dois pontos de partida, lançando o camisola 10 a partir da direita.

«Mapa de calor» de André Silva no FC Porto-Nacional

Raras foram as vezes em que Corona e Brahimi coincidiram no onze, pelo que o novo ensaio de Nuno trata, no fundo, de assumir a existência de um terceiro médio (centro) sem que este tenha de partir da ala (algo que Herrera, André André ou Óliver já fizeram). E em contrapartida pede a um dos avançados que preencha o flanco direito, mas essencialmente em organização defensiva. Na hora de atacar a largura continua a ser entregue aos laterais, e se a deslocação de Brahimi para o corredor central procura o espaço entre linhas, o papel de André Silva frente ao Nacional levava-o para junto de Tiquinho Soares, muitas vezes a tentar explorar o espaço entre central e lateral.

Danilo, André André e Óliver como médios; Brahimi, Soares e André Silva na frente (Layún sobe pelo corredor direito)
Danilo a «6», Óliver e André André como médios interiores; André Silva aberto na direita
André Silva e Soares joga abertos, num momento em que Brahimi aparece como «10»

Conciliar e não abdicar. É aquilo que Nuno procura, uma vez mais. Aproveitar o impacto de Tiquinho Soares sem esquecer a importância de André Silva. Ter esta dupla sem arriscar o equilíbrio, sem reduzir a força no corredor central.

O ponto de partida é diferente, a finalidade é a mesma. O jogo com o Nacional deixou indicadores positivos, sobretudo ao nível da mobilidade que a equipa apresentou, mas por mais ligeira que seja a mutação tática, precisa ser afinada. Para que a imprevisibilidade não dê lugar à confusão.