Vencer em Roma, partindo de um resultado desfavorável, não seria, à partida, um cenário previsível embora nunca tenha deixado de ser possível.

Nuno Espírito Santo debatia-se com vários fatores. Tratava-se de um jogo fundamental na época portista, capaz de influenciá-la definitivamente, não só na perspetiva do reforço do plantel, mas também no acrescento de moral que significaria num arranque com algumas indefinições e várias ideias novas.

A amostra que tinha ficado do jogo do Dragão, sobretudo até à expulsão de Vermaelen, não lhe era igualmente favorável. A Roma tinha mostrado bem mais consistência e poderia, de novo de 11 para 11 e perante o seu público, voltar a apresentar essa superioridade. Não apresentou, bem pelo contrário.

O FC Porto reagiu bem à pressão – o que não é bem novidade –, soube resistir à pressão romana em alguns momentos e explorou os erros do adversário na sua plenitude. Foi, no Olímpico, sempre mentalmente mais forte.

Temos de ser honestos. Independentemente das coisas boas que o FC Porto mostrou – e foram várias, sobretudo a nível de organização e personalidade –, a Roma foi muito inimiga de si própria. Tudo o que tinha mostrado na primeira mão a esse nível desapareceu na segunda, expondo um descontrolo emocional contranatura numa equipa italiana. 

Independentemente de um bom FC Porto houve uma muito má Roma, cheia de erros não provocados

Não é normal que uma equipa italiana em vantagem sofra, nos primeiros minutos, um golo de bola parada que condicione toda a sua estratégia.

Não é ainda normal que um jogador tão experiente como De Rossi, apesar do culto pelo tackle que até gravou na pele, e Emerson Palmieri deitem tudo a perder com entradas assassinas quando a Roma tentava recuperar. 

O FC Porto aproveitou (e bem!) e é um justíssimo apurado para a fase de grupos. Mostrou ter melhorado em tão pouco tempo, mas não parece (nem poderia) ter resolvido alguns dos problemas que vinham de trás. Óliver, que já cá anda, irá certamente ajudar. E deverão chegar mais, faz sentido que agora seja assim.

Vem aí um clássico, e os dragões terão de confirmar este crescimento. Não significa que estejam obrigados a ganhar, embora mais uma vez isso possa acontecer, mas terão de confirmar os indicadores de Roma. Ou seja, a consolidação de ideias.

Até por isso, o clássico tornou-se mais interessante.

LUÍS MATEUS é o diretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».