Há cerca de dois anos que ela não toca assim. Vanessa Mae guardou o violino em favor da sua segunda paixão: o esqui. A violonista inglesa sonhou e a obra pode agora nascer. A Tailândia terá o seu segundo representante de sempre nos Jogos Olímpicos de Inverno. Vanessa Mae será um dos atores menos prováveis das olimpíadas que começam em Sochi no próximo dia 7 de fevereiro.

Aos 35 anos, Vanessa Mae tem mais de 10 milhões de discos vendidos. Prodígio do violino clássico, aos 10 anos estreou-se profissionalmente e tornou-se um fenómeno pelo estilo arrojado com que atua misturando a música erudita com o pop/rock.

Chegou agora a altura do esqui, também praticado desde tenra idade; a tal segunda paixão que a levou a mudar-se para Zermatt, a estância de esqui na Suiça, onde tem treinado nos últimos dois anos para conseguir estar em Sochi 2014.

Na Rússia, Vanessa não será Mae, mas sim Vanakorn, o nome do seu pai, tailandês. É esta dupla nacionalidade que lhe permite representar o pais asiático no slalom gigante. E também o ter cumprido os critérios de qualificação: países como a Tailândia que não têm qualquer esquiador no top 500 podem enviar um esquiador feminino e outro masculino. O esquiador selecionado terá depois de participar em cinco provas do calendário internacional obtendo uma média de pontos inferior a 140 (como se fossem de penalização). A tailandesa Vanessa Vanakorn já o conseguiu no início da semana.



No final desta mesma semana, outro atleta também menos provável pode conseguir o passaporte para Sochi 2014 no esqui alpino. É o jamaicano nascido no Canadá Michael Williams. Ver Alberto Tomba, Katarina Witt ou o preferido Pirmin Zurbriggen fascinaram-no quando era um adolescente em 1988. Esse foi também o ano da estreia da Jamaica nos Jogos Olímpicos de Inverno com a equipa de bobsled que ficou famosa.

Os «Cool Runnings» que tiveram até direito a um filme feito em Hollywood lançaram também o sonho. O homem que desejou ser conhecido como o «Zurbriggen Negro» quando finalmente aprendeu a esquiar (apesar de, desde cedo, ter tido contacto com os desportos de inverno por nascer no Canadá) ganhou o derradeiro impulso em 2010 quando ganês Kwame Nkrumah-Acheampong esteve no seu país de nascimento (nos Jogos de Vancouver 2010) e passou a ser conhecido como o «Leopardo das Neves».



Na década de 1990, Michael Williams praticou atletismo ainda no Canadá, mas mudou-se para a Europa onde jogou e treinou equipas de futebol americano. Em 2011 já entrou nos Campeonatos do Mundo de Esqui Alpino. Para o atleta de 44 anos, quando acabar a prova que decorre na Áustria até final da semana (conseguindo manter a média de pontos abaixo dos 140), o sonho das olimpíadas de inverno com as cores do país da mãe e da avó pode ficar concretizado.

Com o lugar já garantido, mas ainda nesta semana à procura de dinheiro para viajar para a Rússia, estavam os outros jamaicanos do «filme» Sohci 2014. A Team Jamaica conseguiu nova qualificação para os Jogos. Os também conhecidos como «Cool Runnigns» desde o filme de 1993 já não são atores tão desconhecidos nas olimpíadas de inverno, mas já não marcavam presença desde 2002.



A presença jamaicana não deixa, porém, de ser sempre uma espécie de participação especial. Mas, desde a estreia em 1988, os caribenhos garantem um lugar nos Jogos de inverno pela sexta vez (1988, 1992, 1994, 1998 e 2002). Em 2014 a equipa do bobsled será a de dois elementos e não a dos (habituais) quatro. Para reduzir as despesas.

Quem já vai também para as suas quintas olimpíadas de inverno é o indiano Shiva Keshavan. Com participações também em Nagano 1998, Salt lake 2020 e vancouver 2010, conseguiu chegar ao top 25 em Turim 2006. É o melhor do seu continente no luge tendo ganho a Taça da Ásia em 2011 e 2012.

Nesta altura, Shiva Keshavan já treina da pista olímpica de Albertville, em França. Mas, ser da Índia não implica neste momento apenas ter de competir em Sochi 2014 sob o estandarte do Comité Olímpico Internacional devido à suspensão da Associação Olímpica da Índia; ser um atleta indiano de luge implica também treinar em condições muito arriscadas...



Em Portugal, preparações olímpicas de inverno deste género também já aconteceram.
Lembra-se de Danny Silva?