Vou direto ao assunto: não entendo a velocidade a que se contratam e despedem treinadores. (e isto não é um fenómeno português, observem o que se passa em Inglaterra e Espanha, por exemplo)

Os treinadores são os tipos que dirigem a orquestra. São o diretor geral na equipa de gestão. São o funcionário número 1. São o arquitecto e o engenheiro que dão forma à obra. Estas pessoas, no fundo a cabeça de qualquer projeto, em nenhum lado são dispensadas com tamanha facilidade. E no entanto é isso que sucede no futebol.

Há duas explicações. Pelo menos duas, pode ser que haja mais.

1. Os dirigentes não sabem escolher.

Ir por esta estrada significa algo simples: os dirigentes conhecem mal os treinadores, escolhem de ouvir dizer, o processo de seleção é errado, por isso muitas vezes o insucesso acontece. Logo, o treinador é despedido. Porque os conhecimentos dos dirigentes são fracos.

2. Os dirigentes até sabem escolher. Mas quando a bola vai à trave são fracos.

Esta opção significa o seguinte: entre enfrentar os adeptos e eventualmente cair pelas suas escolhas ou simplesmente fazer passar a ideia de que o treinador é (escolha a opção) a) incompetente; b) incapaz; c) um tipo cansado e com vontade de ir embora nem hesitam. E o treinador sai.

Este foi o fim de semana em que o Sporting de Braga rescindiu com Jesualdo Ferreira e o Paços de Ferreira mandou embora Henrique Calisto. Estes casos têm algo em comum: dois treinadores experientes e com passagem anterior por aqueles balneários.

Jesualdo regressou no início da época. Calisto foi chamado para repetir um número do passado: salvar o Paços de Ferreira.

Nestes casos, o ponto 1 simplesmente não se aplica. Os dirigentes conheciam tudo sobre estes treinadores. E estavam convencidos de que era por ali.

Resta, pois, o ponto 2.

No caso do Sporting de Braga, aplicar o ponto 2 significa que António Salvador é um líder muito menos forte do que gosta de aparentar. Nesta caso, por exemplo, não aguentou os gritos de meia dúzia de adeptos. 

Em Paços de Ferreira, o treinador foi embora depois de uma semana atribulada, com notícias de conflitos entre treinador e jogadores. O presidente cedeu ao plantel, depois da goleada em Setúbal. Foi fraco, pois.

Respeito muito o que foi feito nas últimas épocas em Braga e Paços de Ferreira. E sei que os resultados e o futebol que as duas equipas praticam esta época está distante do mínimo exigível. Mas olho para Jesualdo Ferreira e Henrique Calisto e não consigo ver neles os principais responsáveis.

Enquanto for fácil despedir o treinador, os dirigentes continuarão a demonstrar publicamente como são fracos.