Manuel Balela é a apenas o último de uma série de treinadores portugueses a assumir o comando técnico de uma equipa marroquina. Humberto Coelho, no passado, José Romão e Eurico Gomes, no presente, são outros exemplos da popularidade dos técnicos lusos naquele país, e Tahar garante ao Maisfutebol que o Raja Casablanca também vai apostar no mercado nacional em breve. «Os treinadores portugueses estão bem cotados em Marrocos», explica.
«Temos o José Romão na primeira divisão, o Eurico Gomes e agora o Manuel Balela na segunda. O Raja Casablanca também está à procura de um treinador português, já falaram comigo para recolher umas informações, tal como fizeram os responsáveis da federação marroquina quando decidiram convidar o Humberto Coelho», afirma o actual presidente do Kawkab Marraquexe, clube do segundo escalão marroquino.
Dois Mundias, o Benfica e uma entrada polémica sobre Dyer
Tahar El-Khalej não precisa de recorrer a cábulas para fazer uma breve viagem pelo passado, recordando uma carreira repartida entre Marrocos, Portugal e Inglaterra, com o Benfica e a selecção marroquina como pontos altos. Aos 37 anos, olhando para atrás, ainda se arrepia quando lhe pedem para recordar a entrada sobre Kieron Dyer, ao serviço do Southampton, que afastou o internacional inglês do Newcastle do Mundial de 2002.
«Comecei no Kawkab, fui para a União de Leiria, depois para o Benfica, onde estive até ao ano 2000. Em Inglaterra, representei o Southampton até 2003, ainda joguei no Charlton mas foi aí que terminei a carreira de jogador, há cerca de dois anos», recordou, enaltecendo as duas participações em Mundias com a selecção de Marrocos, onde continua a ser o segundo jogador com mais internacionalizações: «Estive nos Mundias de 2004 e 2008, foram momentos únicos. Acabei a carreira com 99 internacionalizações, a uma de fazer um número bonito (risos), e apenas o Naybet tem mais jogos que eu, com 120».
A lesão de Kieron Dyer, na sequência de uma entrada fora de tempo, está marcada a negro no livro de memórias de Tahar. «Foi na última jornada do campeonato, antes do Mundial. Infelizmente, nunca mais vou esquecer esse jogo. Tentei jogar a bola mas acabei por atingi-lo. Foi um dia negro para mim, fui muito contestado e tive de andar com guarda-costas. Quando saiu a lista de convocados da Inglaterra para o Mundial, e vi que ele não estava lá, fiquei muito triste. Mandei-lhe uma carta na altura. Passados uns tempos, voltámos a defrontar-nos e ele ofereceu-me a camisola dele. Ajudou-me a ficar mais feliz», concluiu.