Nicolas Otamendi, sucessor de Bruno Alves no F.C. Porto, custou quatro milhões de euros aos cofres portistas (pode custar outro tanto no próximo ano) e está a caminho de Portugal. Aos 22 anos, o defesa-central revelado pelo Velez Sarsfield sobe mais um degrau numa ascensão meteórica.

Por vezes, encontram-se histórias tão bem contadas que seria inútil reescrevê-las. A vida e obra de Otamendi, ainda sem a participação na fase final do Mundial de 2010, foram descritas pela revista El Gráfico, da Argentina, em Julho de 2009.

Dos três autocarros que apanhava para ir treinar, passando pelo boxe praticado de forma amadora, até chegar ao dia em que secou Radamel Falcao, seu futuro companheiro, num clássico. Para o reforço do F.C. Porto, este foi o momento mais marcante como titular do Velez campeão. «A nível pessoal, recordo o embate com o River. Era o meu primeiro clássico e segurei sem problemas Radamel Falcao e Christian Fabbiani», contou o defesa.

Nicolas Otamendi emergia no onze, ultrapassando Marco Torsiglieri (agora no Sporting) para conquistar o lugar do lesionado Waldo Ponce. O técnico Ricardo Gareca apostou no miúdo do bairro de La Paloma e não se arrependeu. Nesse duelo com Falcao, o Velez garantiu um empate e Otamendi foi o melhor em campo. O central Villagra marcou o único golo do River (1-1). Estávamos a 15 de Março de 2009.

De autocarro com passagem pelo boxe

Nico nasceu no Bairro La Paloma, em El Talar de Pacheco, província de Buenos Aires. É jogador de futebol, para alegria da mãe Silvia, que bate o filho no conhecimento e paixão pelo jogo. Aos sete anos, realizou testes no Velez Sarsfield e ficou. Até esta segunda-feira, quando foi anunciada a sua transferência para o F.C. Porto.

Otamendi é profissional, chegou à selecção e viaja para a Europa. Menos mal. Recentemente, admitiu que nada mais sabe fazer na vida. Apostou no futebol e venceu. Em miúdo, apanhava três autocarros para chegar aos treinos, uma hora e meia para cada lado. Apostou forte, percebe-se.

O F.C. Porto contratou um central ágil, não tão alto como os demais, inteligente na marcação e veloz na abordagem dos lances. A sua passagem pelo boxe, na recta final da adolescência, aprimorou-lhe os reflexos. Foi apenas um ano, num ginásio da sua zona, na companhia de um primo. Não é bruto, garante.

De avião a caminho no Mundial

Nicolas Otamendi cresceu no Velez e chegou à equipa principal em Maio de 2008. Destacou-se e cativou a atenção de Diego Armando Maradona. Um ano após a estreia no clube, chegou à selecção da Argentina. Estreou-se frente ao Panamá, em Santa Fé, logo como titular (3-1). A viagem proporcionou o primeiro momento de empatia entre o jogador e o seleccionador.

«Íamos de avião para Santa Fé e havia sete lugares em primeira classe, que foram para os jogadores. Graças a um sorteio, calhou-me um lugar. Alguns disseram que tinha de deixar o lugar, porque era a minha primeira vez na selecção. Maradona aproximou-se de Emiliano Papa e disse: vê o Otamendi, uma convocatória e já viaja em primeira classe», contou Otamendi, na tal reportagem da revista El Gráfico.

O reforço do F.C. Porto não mais saiu do onze do Vélez e da selecção da Argentina. Cimentou posição e foi opção para o Mundial de 2010, adaptando-se ao lado direito da defesa. Não comprometeu, embora reconheça que rende mais como central. O Dragão espera para ver.