Não fez cair um gigante, mas fê-lo suar. Será esse o maior prémio para o Aljustrelense, equipa da II Divisão zona sul, que este domingo fez tremer o finalista da época passada, o P. Ferreira.
A formação pacense tinha um espectador muito especial na bancada: Ulisses Morais. O técnico que vai substituir Paulo Sérgio certamente não gostou do que viu na primeira metade. Ulisses, o técnico, terá de ter um pouco da braveza de Ulisses, o guerreiro mitológico, para que o P. Ferreira continue na senda dos triunfos. A primeira amostra sem Paulo Sérgio não foi a melhor.
Tudo porque o Aljustrelense trouxe a lição bem estudada. Ciente das dificuldades que ia encontrar, não se atreveu a jogar de igual para igual com o Paços. Defendeu muito e quase sempre bem. Houve alturas do jogo em que eram bem visíveis as duas linhas de cinco jogadores que os de Aljustrel colocavam em guarda à sua baliza.
Dois golos para quebrar a monotonia
Ora, para ultrapassar este esquema, exigia-se ao P. Ferreira imaginação, rapidez de processos e de pensamento. Mas os da casa, sobretudo na primeira parte, não tiveram nada disso. Limitaram-se a trocar a bola de flanco para flanco, em busca de uma brecha que lhes pudesse dar o golo.
Era preciso paciência, é verdade, mas os jogadores do P. Ferreira quase esgotaram a dos adeptos, que queriam, claramente, mais. Mas, foi neste estilo paciente que chegou o golo da vantagem. Jorginho recebeu uma bola na esquerda, foi à linha e cruzou para William empurrar de cabeça. A primeira falha de marcação dos alentejanos foi-lhes fatal.
A partir do golo do Paços passou, certamente, por muitas cabeças a hipótese de o jogo abrir, já que o Aljustrelense teria de vir em busca da igualdade. Mas, dois minutos depois, num livre superiormente executado, Zé Luís Brito repôs a igualdade e o jogo voltou à mesma toada até ao intervalo.
Como se previa, a segunda metade começou com o mesmo estilo, embora o P. Ferreira tenha disposto de mais oportunidades para marcar. Leonel Olímpio, aos 54 minutos, atirou por cima quando estava sozinho na área. Pouco depois, Coelho, de cabeça, fez o mesmo.
Rondon, o venezuelano que mexeu com o jogo
O Aljustrelense foi obrigado a trocar André Santos por Tonico, por lesão no primeiro. Viria a ser decisiva esta substituição, já que os de Aljustrel demoraram a adaptar-se ao novo companheiro. A equipa tremeu e a entrada de Mário Rondon, no Paços, acabaria por abanar ainda mais com o jogo. E a este abanão o Aljustrelense já não resistiu.
Dois minutos depois de entrar, Rondon descobriu William ao segundo poste e, com uma assistência perfeita, ajudou o avançado a bisar. O 3-1 chegaria pouco tempo depois, num golo que é a perfeita antítese daquilo que se viu na Mata Real. O Paços de Ferreira deu a provar do seu próprio veneno ao Aljustrelense. Os alentejanos tinham um canto a seu favor, o Paços recuperou a bola, saiu em contra-ataque e matou o jogo, por Coelho.
O Paços segue em frente na Taça, num jogo que foi mais complicado do que o que inicialmente se previa. Manuel Sousa, técnico interino, cumpriu o que lhe era pedido e assegurou a transição sem que ondas se levantassem. Missão cumprida, poderá exclamar.
Ficha de Jogo
Estádio da Mata Real, em Paços de Ferreira
Árbitro: Lucílio Baptista, assistido por Mário Dionísio e Paulo Vieira.
PAÇOS DE FERREIRA: Cássio, Baiano, Ozéia, Ricardo, Jorginho, Leonel Olímpio, Pedrinha (Mário Rondon, ), Ciel (José Coelho, int.), Manuel José, Cristiano e William (Romeu Torres, 85 min.).
Treinador: Manuel Sousa
ALJUSTRELENSE: Zé Manuel, Paulo Serrão, Calú, André Santos (Tonico, 70 min.), Estebainha, Zé Luís Prazeres, Pedro Lança, Zé Luís Brito (Rui Pepe, 77 min.), Ricardo, Mikó (Nelson Raposo, 81 min.) e Rui Sousa.
Treinador: Francisco Fernandes
William (38m e 72m), José Coelho (80m); Zé Luís Brito (40m)
Disciplina: cartão amarelo para Ricardo (76m).