A conclusão mais simples da partida da Mata Real é que ganhou a equipa que teve Coelho na baliza. E não, não é apenas a lógica da batata. Dizer que o Paços não tinha ganho o jogo se não tivesse Coelho não é tão redutor e injusto quanto parece. É uma constatação. O guarda-redes da casa, um natural da capital do móvel, realizou uma exibição impressionante e foi a figura maior do encontro que os «castores» haveriam de vencer por 1-0.
Injusto para o Marítimo? Talvez. Afinal falamos de uma equipa que apareceu desinibida e ciente da importância que uma vitória em Paços de Ferreira poderia ter para o seu futuro na Liga. Assim, ficou mais difícil a luta pela Europa.
Para o Paços, o sonho continua. A equipa está a um ponto do V. Guimarães, numa segunda volta espectacular a vários níveis. Nos últimos nove jogos, só por uma vez, na Luz onde ainda ninguém venceu, o Paços de Ferreira não pontuou. E apenas na recepção ao Sporting ficou em branco no marcador. Isto numa equipa que começou a época mais cedo, em virtude da participação nas competições europeias, e que até trocou de timoneiro no decorrer da mesma.
Algum Paços antes do «show» de Coelho
O Paços entrou melhor. Depois de conhecido o esquema do adversário, tratou de apontar as suas debilidades. Leonel Olímpio, por duas vezes, esteve perto do golo, a última das quais negada pela trave. O Marítimo ia tentando o contra-ataque que, aos poucos, se tornou tão frequente que deixou de o ser.
A rapidez de Djalma e Manu, aliada à inteligência de Kléber começou a fazer estragos. A juntar a isso, o Paços de Ferreira passou a errar muitas vezes nas transições para o ataque, o que originou vários calafrios para a sua linha defensiva. Mas, aí, começou o «show» particular de Coelho. Um espectáculo dentro do espectáculo.
Respire fundo. Aos 30 minutos voou para parar um remate forte de Djalma, já dentro da área. Aos 32, segurou um tiro de Manu. Aos 33, negou o golo a Paulo Jorge, com um voo impressionante. Aos 36 saiu aos pés de Djalma e aos 41 voltou a negar o golo ao angolano. Uff! Isto na primeira parte, claro está.
Bruno marca e enerva Marítimo
O segundo tempo começou, praticamente, com o golo do Paços de Ferreira. Bruno, que até nem estava a fazer uma exibição de encher o olho, aproveitou o muito espaço dado à entrada da área do Marítimo e rematou. A bola só parou no fundo da baliza de Peçanha. Golpe doloroso para um Marítimo que vinha sendo mais perigoso e a quem só tinha faltado o antídoto para dobrar Coelho.
O golo acalmou os da casa que passaram a errar menos. A chegada de Livramento ao meio campo não é, também, alheia a este facto, pelo que só tem de ser premiada a perícia e capacidade de leitura do jogo de Ulisses Morais. Se o meio campo não tinha patrão, havia que lhe dar um.
O Marítimo bem tentou, mas ficou em branco. Desta vez o responsável não foi Coelho, ainda que, no início, tenha mostrado que os primeiros 45 minutos não foram obra do acaso. Mas, no segundo tempo, o Marítimo não marcou porque revelou alguma ansiedade e esta trouxe um atabalhoamento ao seu futebol que até então não tinha sido visto. Mesmo encostando o Paços nunca conseguiu ser tão perigoso como no primeiro tempo. Os madeirenses atacaram mais, podem dizer que jogaram melhor, até, que não será descabido de todo. Mas o Paços marcou. No futebol, parecendo que não, faz toda a diferença.
Com 27 pontos, a sete jornadas do fim, e com a equipa mergulhada num ciclo de resultados negativos, será de prever mais um ano ausente da Europa para o Marítimo. O Paços de Ferreira pode regressar por um caminho diferente da época passada, assim continue a toada do campeonato. Nota final para Carlos Xistra. Num desafio de bom nível, em que os jogadores se preocuparam mais em jogar, não complicou. Só tem de lhe ser dado o mérito.