Afinal um disco riscado também pode ser agradável. As repetições costumam incomodar, as réplicas nunca são tão bem-vindas como os originais e até no cinema é costume dizer-se que uma sequela nunca tem a mesma classe. Ora, em Paços de Ferreira, dois lances em tudo semelhantes deram dois golos. Dois auto-golos no segundo tempo confirmaram os três pontos. Os figueirenses podem ser acusados de falta de imaginação, mas eles é que venceram. No futebol ainda é o que importa.

«Espelho meu, espelho meu, há alguém mais eficaz do que eu?» A pergunta poderia ser questionada, em jeito de provocação, por qualquer elemento da Naval. De facto, as jogadas dos dois golos figueirenses na primeira parte são o espelho uma da outra. Um reflexo e não uma impressão a papel químico, pois o lado foi diferente.

Lazaroni e os restantes destaques do jogo

Já Pizzi tinha obrigado Peiser à primeira defesa da noite, aos 9 minutos, quando a Naval festejou. Livre de Lazaroni cobrado da direita para a esquerda. Diego ganha ao segundo poste, de cabeça, e Fábio Junior do lado contrário encosta. Isto aos 20 minutos. Outros 20 não foram suficientes para o Paços decorar a matéria.

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Lazaroni volta a cobrar um livre da mesma zona de onde nasceu o primeiro golo. Desta vez, coloca a bola na vertical, em Godemeche que, como Diego, cruza para João Real encostar. «Onde é que eu já vi isto», pensaram certamente os adeptos do Paços. Um «deja-vu» confirmado em cima do intervalo. Só mudam os protagonistas. Diego cobra um livre para Camora, este cruza e Gomis encosta. Não deu golo porque Kelly tirou sobre a linha.

Repetições voltam sob a forma de auto-golos

No segundo tempo Ulisses Morais tinha de arriscar e fê-lo. Tirou o apagado Maykon e colocou Candeias para tentar dar um novo ânimo ao flanco esquerdo. Trocou, ainda, Danielson por Leandrinho, numa substituição reveladora da aposta ofensiva a efectuar. Só tinha de ser assim, aliás. Até porque a derrota tirou, praticamente, o Paços do nunca assumido sonho europeu.

Veja as notas dadas aos jogadores

Os primeiros minutos do segundo tempo foram inconclusivos. O P. Ferreira pressionava mas não incomodava o suficiente para marcar. Ainda assim, chegou lá. Aos 67 minutos, Leandrinho cruzou rasteiro e corte infeliz de João Real para a própria baliza. Um novo ânimo para os castores? Nada disso. Havia ainda uma última cópia para fazer. Durou três minutos a voltar a sensação de «deja-vu».

Camora cobra um canto na direita, a bola é-lhe devolvida pela defesa do Paços e o esquerdino volta a cruzar. Kelly, ao primeiro poste, faz o segundo auto-golo do jogo. A Naval faz o terceiro golo fora de portas no mesmo jogo. Até agora, em todo o campeonato, só tinha feito quatro.

Confira as ESTATÍSTICAS do encontro

O triunfo praticamente dá a permanência aos figueirenses. Se o Leixões não vencer o Sp. Braga esta noite, a manutenção será uma certeza matemática. Fica a faltar segurar a melhor classificação de sempre, objectivo que Inácio levantou há semanas. O caminho para tal parece aberto. O pesadelo que foi a eliminação às portas do Jamor foi apagado com pragmatismo.

Fosse ou não uma meta, a Europa está agora demasiado longe para o Paços de Ferreira, atendendo à diferença pontual, aos jogos que faltam, às equipas envolvidas na disputa e ao facto de nunca ter sido um objectivo assumido. Os castores podem pedir o final da época.