Já se vê a Champions da Mata Real. O mágico hino da Liga dos Campeões está cada vez mais perto de soar aos ouvidos de um grupo de guerreiros que segura o terceiro lugar com todas as forças, a duas jornadas do fim. Pelo caminho, tombam um Sporting que deu um passo em falso na corrida a um lugar europeu. Tudo decidido pelo mais improvável dos heróis. Tony agigantou-se para ferir o leão. O grupo aguentou todas as estocadas que se seguiram.

Este foi um jogo em que os emblemas entraram virados do avesso e assim permaneceram. Paços de Ferreira e Sporting olharam-se na cara num duelo que meteu Champions e Liga Europa mas não pelas posições esperadas por quem, há uns meses, projetasse este campeonato. É o Paços que luta pelos objetivos mais ambiciosos. Está à distância de dois pontos o apuramento inédito para a Champions.

FICHA DE JOGO

Falando do que se viu no relvado, é verdade que as duas equipas foram muito iguais no que produziram, mas em fases distintas do tempo. O Sporting entrou melhor, por exemplo. Aceitou o jogo nos ombros e carregou-o. Pareceu até atrapalhar o Paços mas nunca com a força suficiente para fazer abanar a estrutura de Paulo Fonseca.

Porque o Paços é equipa. Ponto final. Mais do que um conjunto de jogadores, é um bloco unido nos bons e maus momentos. Se a grupo produz, os jogadores empolgam-se e há momentos para todos. Se o grupo não produz, vale a disciplina a colar ao meio um onze de qualidade.

Sentiu isso na pele o Sporting. Era querer e não poder. Mesmo na mais flagrante ocasião do primeiro tempo quando Pedro Proença assinalou (mal) um livre indireto na área pacense. Foi o baixinho Hurtado a tirar o golo a Rojo. E o Paços cresceu um pouco a partir daí

Diogo Figueiras rematou a centímetros do poste de Patrício, no lance mais perigoso da sua equipa, em cima da meia hora. Do outro lado, mais volume: Bruma atira ao lado depois de se antecipar a Tony e André Martins dispara por cima, com tudo para marcar.

Alguém pediu um herói?

Schaars fora a surpresa esperada no onze leonino. Pouco trouxe. Do outro lado, o esquema do costume, com Josué na esquerda do ataque, lugar que não palmilha com conforto, mas onde consegue ser competente. Rende mais ao meio...mas há Vítor, hoje apagado.

Jesualdo Ferreira percebeu cedo que Schaars tinha pouco mais para dar. Trocou-o por Adrien. O mesmo figurino, nomes distintos. Com ele veio Viola para dar a presença na área que Wolfswinkel tentava, com esforço e pouco mais.

DESTAQUES: Josué inventou e Tony foi herói

Mas as mudanças no Sporting esbarraram no golo pacense. Josué atirou ao ferro de livre e Tony surgiu solto para a recarga vitoriosa, de cabeça. Eficácia pacense na luta pela Champions onde, já se sabe, a matreirice costuma ajudar.

Faltavam 20 minutos. O empate parecia o resultado mais certo. E talvez devesse ser assim. O Sporting teve, de facto, as melhores ocasiões. Depois de sofrer ainda viu Cássio brilhar após remates de Carrillo e Miguel Lopes. Não teve o herói que, hoje, vestiu apenas de amarelo.

O jogo acabou com o público da casa eufórico. «Já está na hora de o Paços ir à Champions», cantam. Não está. Faltam dois míseros pontos. Mas está perto. A distância é a mesma que o Sporting tem de recuperar até ao fim. O Estoril joga na Luz. Rio Ave, Nacional e Marítimo ainda sonham. Vêm aí duas semanas de loucos...