P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos.   

Presente na fase final do Campeonato da Europa pela terceira vez consecutiva, a seleção da Polónia apresenta um núcleo de jogadores com experiência, acompanhados por três ou quatro jovens muito promissores. Já destacado neste espaço, Arkadiusz Milik (Ajax) é o líder dessa nova vaga, mas na reta final da qualificação apareceu um outro jovem a apresentar uma candidatura arrojada a um lugar no Europeu.
 
Nascido em Tarnów, a sul do país, Bartosz Kapustka fez 80 quilómetros em 2012 para assinar pelo KS Cracovia. Tinha então apenas 15 anos, e aos 17 chegou à equipa principal: a estreia ocorreu a 29 de março de 2014, na receção ao Widzew Lodz.
 
Fez dois jogos nesse final da época 2013/14, com a equipa a evitar a despromoção por pouco. Foi uma espécie de preparação para a temporada seguinte, na qual foi utilizado regularmente (26 jogos e 3 golos), ajudando o KS Cracovia a fazer uma época um pouco mais tranquila, pois apesar de ter disputado o «playoff» de manutenção ficou em primeiro lugar.
 
Na edição atual o KS Cracovia está na terceira posição da Ekstraklasa, e Kapustka, de 19 anos, tem sido uma das figuras da equipa, com dois golos e nove assistências (mais um golo e uma assistência na Taça).
 
Logo em setembro chegou à seleção principal da Polónia, estreando-se na receção a Gribraltar, e com impacto imediato. Rendeu «Kuba» Blaszczykowski ao minuto 62, com a camisola 10 nas costas, e onze minutos depois festejou o primeiro golo pela seleção.
 
A quem julgava que teria sido sorte de principante, Kapustka respondeu com talento. Na segunda internacionalização, frente à Islândia, marcou um minuto depois de ter entrado (66m). Na terceira internacionalização, a primeira como titular, fez a assistência para o primeiro golo da vitória sobre a Rep. Checa, apontado por Milik.
 
No início de dezembro viu-se envolvido em polémica, depois de uma saída noturna com alguns colegas, ao ser agredido numa discoteca. Kapustka ficou apenas com a cara inchada mas garante ter aprendido a lição. Ficou de fora no jogo seguinte e foi suplente utilizado nos dois últimos compromissos do ano, e curiosamente o KS Cracovia não venceu nenhum (três empates). O jovem tem apresentado também algumas queixas num joelho, mas o regresso da Liga, em fevereiro, deve assinalar também um regresso ao «onze».
 
Médio ofensivo, Kapustka pode jogar no corredor central ou a partir da ala, nomeadamente a esquerda, tal como apareceu na seleção. Tecnicamente evoluído, aparece muito bem em zonas interiores, a explorar o espaço entre linhas, ou mesmo a conduzir a bola desde o flanco. A forma como ataca o espaço com a bola controlada, sempre colada ao pé, com velocidade elevada, é mesmo uma das maiores virtudes.
 
Acutilante, revela muita confiança na condução de bola e encara os adversários de forma agressiva, mas não precipitada. A vertalicidade não faz com que tenha apenas olhos para a baliza, como atesta o número de assistências que acumula. Já associado a Juventus ou Borussia Dortmund, um clube sempre muito atento ao mercado polaco, Kapustka é um talento a seguir com muita atenção.