P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos. 

O sucesso francês no Europeu de sub-19 não esteve sustentado apenas na veia goleadora de Jean-Kévin Augustin, promessa do Paris Saint-Germain, mas também na criatividade objetiva de Kylian Mbappé, talentoso avançado do Monaco.

Filho de um treinador de futebol e de uma antiga jogadora profissional de andebol, Mbappé nasceu em 1998. No mês de dezembro, já depois da conquista do título mundial pela seleção gaulesa que tinha um tal de Thierry Henry, o seu ídolo.

A ligação é inevitável, de resto, até pelos pontos comuns no trajeto. Ambos nasceram nos arredores de Paris e chegaram ao Mónaco depois de uma passagem pelo centro técnico da federação francesa, em Clairefontaine.

E por mais pesada que seja a herança de Henry, Mbappé não se deixa intimidar. Encara-a com a mesma confiança que o ídolo apresentava em campo, um certo descaramento positivo que o próprio campeão europeu de sub-19 também leva para o campo.

Mbappé bateu dois recordes de Henry na época passada: o primeiro a 2 de dezembro, quando Leonardo Jardim o fez entrar para o lugar de Fábio Coentrão nos instantes finais da receção ao Caen, tornando-o assim o mais jovem estreante do Mónaco, com apenas 16 anos e 347 dias; e depois a 20 de fevereiro, quando fechou a vitória sobre o Troyes (a passe de Hélder Costa), tornando-se assim o mais jovem a marcar pelo Mónaco, com 17 anos e 62 dias.

Em julho, na Alemanha, contribuiu com cinco golos para o título europeu da França, dois deles frente a Portugal, nas meias-finais, com festejo à Ronaldo pelo meio.

De regresso ao Mónaco, no mês seguinte, recebeu a visita de Thierry Henry.

Para além das semelhanças físicas, Mbappé faz lembrar o ídolo na forma vertical mas eficaz com que encara os adversários. Veloz, mas não desgovernada. Capaz de gerir os momentos de aceleração a partir de uma vasta gama de recursos técnicos. Sempre de cabeça levantada, a respirar confiança. Competente a jogar no centro do ataque, mas particularmente explosivo a partir das alas, a incomodar constantemente com diagonais para a zona de finalização.

Ainda com 17 anos, mas já com 15 jogos ao serviço da equipa principal do Mónaco, Mbappé é um talento para Leonardo Jardim continuar a lapidar nos próximos meses.