P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos. 

O Brasil conquistou recentemente o título mundial de sub-17, em casa, mas com mais alma do que classe. Tanto na meia-final como na decisão, o «escrete» deu a volta ao marcador nos instantes finais, arrecadando assim o troféu pela quarta vez. Lázaro (Flamengo) foi o herói de ambas as reviravoltas, mas o jogador mais consistente ao longo do torneio foi o lateral direito Yan Couto.

Nascido a 3 de junho de 2002, o campeão mundial começou por jogar futsal no Clube Curitibiano, mas aos nove anos passou para o futebol, e logo integrado na equipa de sub-11 do Coritiba.

Não tardou muito para que passasse de avançado para lateral, mas Yan procura sempre conciliar o melhor desses dois mundos. Revela audácia na forma como sobe pelo corredor e irreverência a enfrentar os adversários. Não se intimida sob pressão, e tanto gosta de espaço para explorar como define bem em espaços reduzidos. A prova disso é que tanto desequilibra por fora, junto à linha, como também conduz muitas vezes a bola para zona interiores.

Esta vocação ofensiva implica necessariamente alguns riscos, pelo espaço que fica nas costas, mas Yan mostrou ser um dos jogadores mais maduros entre os novos campeões do mundo de sub-17. E a prova disso é que, nos momentos de aperto, nesses dois derradeiros jogos, o Brasil procurou muito o camisola 2 (que pontualmente até passou para extremo). Pela qualidade técnica, pela capacidade de desequilíbrio, mas sobretudo pela clarividência, mesmo tratando-se de um jogador de impulsos, de rotação elevada.

Yan Couto acabou mesmo por fazer a assistência para o golo que derrotou o México e deu o título mundial ao Brasil, apontado por Lázaro em período de compensação. Um prémio para uma campanha de nível elevado deste lateral direito, talvez a maior promessa do Coritiba, clube que está de regresso à Série A do Brasileirão.

Um lateral que tem Cristiano Ronaldo como ídolo, mas que parece digno da herança de Daniel Alves. Pela facilidade em utilizar ambos os pés, pela capacidade para jogar tanto a lateral como extremo, que tanto sai por fora como arrisca por dentro, e que até mostra capacidade para marcar livres.

Um dos principais destaques do Mundial sub-17 2019.