P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos. 

Tal como prometido há três semanas, este «P.S. – Para Seguir» estava reservado para a seleção portuguesa de sub-17. Uma tarefa facilitada pela brilhante campanha da equipa orientada por Hélio Sousa, que acabou por conquistar o título europeu da categoria e que apresentou vários talentos.

Figura principal da prova, juntando os títulos de melhor marcador e melhor jogador, José Gomes é um nome já acompanhado há algum tempo pelo Maisfutebol, que recentemente entrevistou também Domingos Quina, outro dos jogadores em destaque nos relvados do Azerbaijão. Sendo assim o destaque, desta vez, vai para um Diogo (até porque eram quatro): Dalot, o vaivém minhoto.

Nascido em Braga, José Diogo Dalot Teixeira começou a jogar futebol aos seis anos (época 2005/06), na Escola de Futebol «O Fintas», de Luís Travessa Martins. No final de 2007 chegou a prestar provas no Benfica, mas por essa altura também já o FC Porto tinha demonstrado interesse na sua contratação, que acabou mesmo por garantir. Diogo Dalot está, por isso, vinculado aos «dragões» desde 2008, incluindo aqui as equipas Dragon Force e o Padroense, onde «rodam» os juvenis de primeiro ano.

Em setembro de 2015, ainda com 16 anos, foi chamado aos treinos da equipa principal do FC Porto, por Julen Lopetegui. Foi um início auspicioso para uma temporada que pode terminar com os títulos nacionais de juvenis e juniores (este último para decidir-se já no próximo sábado), mas desde já marcada pelo campeonato europeu de sub-17, ao serviço de Portugal. Nessa campanha Dalot só não foi titular no último jogo da fase de grupos, no qual a equipa das quinas defrontou a Bélgica já com o apuramento garantido.  O lateral direito revelou-se especialmente influente na ponta final da prova, ao marcar nas meias-finais e na final, convertendo ainda um penálti no desempate decisivo com a Espanha.

Esses dois golos apontados - só José Gomes marcou mais por Portugal - certificam o perfil de lateral bastante ofensivo.  Um verdadeiro vaivém (ou vai-e-vem, se preferirem), dada a capacidade para desequilibrar em zonas adiantadas do terreno e, ainda assim, nunca se dar pela sua falta mais atrás.

Alto e relativamente forte, com boa leitura de jogo, Diogo Dalot é um lateral direito que fecha bem junto dos centrais e difícil de bater nos duelos individuais. Habituado a jogar também como extremo, não mostra qualquer hesitação quando se trata de apoiar o ataque. Avança destemido, sobretudo com a bola controlada, procurando rapidamente o último terço do terreno. Aqui e ali esta pressa é inimiga da perfeição, e leva a decisões precipitadas ou mesmo gestos técnicos menos cuidados, nomeadamente ao nível do cruzamento. Mas isso é fruto da idade, e o tempo ajudará a saber abrandar nos momentos certos. Até porque, em todo o caso, esta verticalidade tem sido mais benéfica do que prejudicial. 

Os livres diretos podem (sempre) continuar a ser afinados, mas até nisso mostra potencial. Aos 17 anos, Diogo Dalot reúne características interessantes para assumir-se como um lateral moderno do futebol português, e até já prepara o salto para a seleção sub-19.

Golo de Diogo Dalot pela seleção da AF Porto, no final de 2012. Já aqui se percebia que não hesitava para avançar em direção à baliza contrária: