P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos.

O dia 13 de setembro de 2022 foi um pesadelo para o FC Porto, goleado em casa pelo Club Brugge, mas ficará sempre gravado na memória de Antonio Nusa. O jovem avançado saltou do banco para a estreia na Liga dos Campeões, e ainda foi a tempo de fechar as contas do triunfo belga (0-4).

O norueguês tornou-se assim o segundo jogador mais jovem de sempre a marcar na «Champions», aos 17 anos e 149 dias, superado apenas por Ansu Fati.

Foram pouco mais de 15 minutos de grande nível, na maior montra europeia, a mostrar que o Club Brugge foi recrutar uma grande promessa ao Stabaek, por apenas três milhões de euros.

Coincidência, ou talvez não, dois dias depois do jogo com o FC Porto foi anunciada a renovação de contrato com o Club Brugge, até 2025.

Antonio começou a jogar em Langhus, a sul de Oslo, mas aos 13 anos foi jogar para o Stabaek. Três anos depois já estava a jogar na equipa principal, e começou a dar nas vistas com um golaço ao campeão Bodo/Glimt.

Apenas três dias depois foi premiado com a estreia a titular, frente ao Viking, e marcou dois golos com o “pior” pé, o esquerdo.

O impacto foi tal que bastaram onze jogos para que o Stabaek transferisse Nusa por apenas um milhão abaixo da venda mais cara da história do clube: Alanzinho, negociado com o Trabzonspor por quatro milhões de euros, em 2008.

Com tiques de Mbappé, mas fã sobretudo de Neymar, Nusa é um jogador explosivo, que gosta de provocar o caos em campo, precisamente aquilo que o cativa no brasileiro. Por caos entenda-se a audácia de ir para cima dos adversários com a bola, a capacidade para dar “safanões” ao jogo, a rapidez de pés que revela a cada finta.

Embora possa jogar também a partir da direita, ou mesmo numa posição mais central (sobretudo se a missão for atacar a profundidade), Antonio torna-se mais imprevisível quando joga pela esquerda.

Internacional sub-18 pela Noruega, Nusa teve recentemente um atrito com a federação deste país, por ter rejeitado a convocatória para o Torneio Internacional de Lisboa, disputado em junho. Como penalização, não foi incluído na lista para os jogos de setembro, o que alimentou o receio de uma mudança para a seleção da Nigéria, onde nasceu o pai, Joe, que também foi jogador.

Para já, no entanto, a federação noruega parece segura de que continuará a contar com este jovem de enorme potencial, que em breve se pode juntar à geração de Odegaard e Haaland.