P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos. 

A capacidade financeira faz com que o Paris Saint-Germain nem sempre olhe para a produção interna com a devida atenção, mas também é verdade que esse poder económico tem feito crescer a academia do clube, ainda que alguns talentos sejam depois desaproveitados.

Xavi Simmons e Édouard Michut são as duas promessas que estão a entrar na equipa principal do PSG, mas se o primeiro representa a capacidade crescente para “roubar” talento a outros clubes (no caso ao Barcelona), o segundo apresenta um trajeto mais “tradicional”, já que foi recrutado em 2016, e depois de ter iniciado o percurso em clubes de dimensão incomparavelmente menor.

Édouard Michut nasceu a 4 de março de 2003, em Aix-les-Bains, no sudeste de França, mas cresceu na zona da capital. Começou a jogar no FC Les Chesnay e depois passou para o vizinho FC Versailles, antes de ser recrutado pelo PSG, em 2016.

O jovem médio já tinha sido integrado por Thomas Tuchel nos treinos da equipa principal, mas foi agora, já com Mauricio Pochettino no comando, que fez a estreia. Uma prenda que chegou cinco dias antes do 18.º aniversário, e «apadrinhada» pelo português Danilo Pereira, que cedeu o lugar ao minuto 89 da visita ao Dijon, pouco depois de ter apontado o 4-0, resultado com que terminou a partida.

Acarinhado por um plantel cheio de estrelas, Edouard foi então praxado ao estilo sul-americano: os colegas raparam-lhe o cabelo, mas apenas na parte de cima, deixando igual à frente e dos lados, o que obrigou o jovem jogador a puxar depois da máquina para acertar o penteado com um visual mais destapado (mas uniforme).

O cabelo de Michut depois da praxe (foto: PSG)
A «carecada» para resolver o efeito da praxe (fonte: instagram)

Embora seja muitas vezes comparado a Marco Verratti, Édouard tem um perfil ainda mais elegante, e por isso vocacionado para jogar um pouco mais adiantado no terreno. Se o italiano coloca classe sobretudo na primeira fase de construção, na forma como começa a desenhar as jogadas de ataque, Michut destaca-se mais à frente, a definir os caminhos para contornar as últimas barreiras defensivas.

Nesse sentido fica mais confortável num esquema de três unidades na zona central, seja como «10» em 4x2x3x1, ou então como médio interior em 4x3x3, sabendo que tem, pelo menos, um médio mais posicional a protegê-lo.

Em termos defensivos apresenta algumas lacunas, desde logo alguma falta de agressividade, mas esse é o reverso da medalha comum perante jogadores dessa estirpe. É aquilo que encaixa com a elegância que Michut coloca em campo, na forma gentil com que domina a bola e a entrega, quase sempre com a parte interior, como se tivesse duas raquetes nas chuteiras.