P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos.
8 vitórias, 6 empates e apenas 4 derrotas.
Quando chegou a Vigo, em novembro (de 2022), Carlos Carvalhal encontrou o Celta na 16.ª posição da Liga espanhola, apenas um ponto acima da zona de despromoção. Cinco meses depois a equipa galega está no 10.º lugar, com oito pontos de avanço para a «linha de água», e a apenas dois pontos da zona europeia.
Um registo notável do treinador português, a revitalizar um coletivo histórico do futebol espanhol, e consequentemente a valorizar vários nomes. Se Iago Aspas e Hugo Mallo são referências de longevidade no clube, Gabri Veiga é a luz que ilumina o futuro do Celta.
Galego de O Porriño, Gabriel começou a dar pontapés nas abóboras que encontrava na casa dos tios, mas aos onze anos já estava na «cantera» do Celta. Fez a estreia na equipa principal a 19 de setembro de 2020, quando tinha apenas 18 anos, frente ao Valencia.
Quando Carvalhal chegou ao Celta, em novembro, Gabri somava já 28 jogos pela equipa principal. Os bons indicadores já vinham de trás, é certo, a ponto de ter estado pré-convocado para o Mundial do Qatar, mas o jovem médio subiu claramente o nível exibicional com o técnico português: seis golos e três assistências em 17 jogos (só falhou a estreia de Carvalhal, por castigo).
Gabri não foi incluído na primeira convocatória de Luis de la Fuente, que até o lançou nos sub-21 antes de suceder a Luis Enrique, mas é provável que, nos próximos tempos, seja promovido à «Roja».
O presidente do Celta, Carlos Mouriño, teve uma forma curiosa de projetar a saída de Gabri Veiga no final da época: «Não queremos vendê-lo de forma alguma, mas também vos digo que vão comprá-lo, e aí não podemos fazer nada», referiu o líder do emblema galego, a atirar para a cláusula de rescisão.
Habituado a promover talento jovem, Carlos Carvalhal vê um jogador de «grandíssimo nível». «Não é um jogador comum, e isso não se aplica apenas a Espanha. Jogamos com dois médios apenas, e ele aparece muito bem em zonas de finalização, sabe jogar, é inteligente e muito forte. Uma surpresa para mim. Encantou-me quando cheguei, e até agora não me desiludiu», refere o técnico português em fevereiro.
Curiosamente, Gabri nem se destacava nos sub-19 do Celta, mas deu um salto qualitativo tremendo ao integrar a equipa B.
Veiga é um médio que se destaca sobretudo no plano ofensivo, mas o 4x4x2 de Carvalhal nem sequer lhe permite menor disponibilidade defensiva. É um jogador com um raio de ação muito alargado, que está sempre perto da ação, com enorme disponibilidade física.
Gosta bastante de avançar no terreno com a bola controlada, como forma alternativa de quebrar linhas do adversário. Dificilmente virá algum dia a ser um médio de muitos toques curtos, de paciência com a bola nos pés, mas isso não o impede de «encher» o meio-campo.
Aparece bem em zonas de finalização, tanto em jogadas de envolvência mais coletiva, como em movimento de rutura (muitas vezes sem bola, a surgir nas costas da defensiva contrária).
Estudante de jornalismo, Gabri está a tornar-se um jogador muito versátil e completo. Perante o perfil aqui resumido, não estranha que o presidente do Celta já tenha dito que quatro clubes do top 10 da Liga inglesa já contactaram o emblema de Vigo.