P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos. 

Com Portugal na luta pelo título, o Europeu de sub-21 só volta no final de maio, para o «mata-mata», mas a fase de grupos já permitiu aprofundar o conhecimento relativamente a alguns dos principais talentos do continente neste escalão. Um deles é Nico Schlotterbeck, central da Alemanha, seleção que ficou em segundo lugar no Grupo A e agora vai defrontar a Dinamarca nos quartos de final.

Embora pertença aos quadros do Friburgo, o jovem defesa está emprestado ao Union Berlin, tal como sucedeu na época passada com o irmão Keven, dois anos e meio mais velho. Ambos são centrais, esquerdinos, e sobrinhos de Niels Schlotterbeck, um médio que jogou no principal escalão do futebol germânico e que também vestiu as cores do Friburgo.

«O pai deles [Marc] era muito bom, mas aos 18 anos passou três meses no hospital e isso foi o fim da carreira», contou Niels à imprensa alemã, em tempos.

Nico e Keven pegaram nesse legado familiar, e a ligação tem estado patente não só no percurso, como até nos problemas físicos: o mais velho teve uma paragem de mês e meio no Union, por lesão, e agora o mais novo também esteve afastado da competição entre meados de outubro e meados de janeiro. Com isso, e apesar de ter sido titular quase sempre que esteve disponível, Nico tem onze jogos pelo emblema de Berlim.

A estreia na Bundesliga remonta a março de 2019, com a camisola do Friburgo, e curiosamente frente ao rival do Union Berlin, o Hertha. Nico fez quatro jogos nesse final de época, aos quais somou 14 na temporada 2019/20.

Esse registo está prestes a ser superado agora, apesar da lesão, o que atesta a evolução do central, comprovada na fase de grupos do Campeonato da Europa.

Nico Schlotterbeck é um defesa elegante, fiel à moderna escola alemã que gosta de controlar os jogos com bola e construir esse domínio a partir de zonas recuadas. Central canhoto, o que já é uma vantagem no mercado, mostra elevada qualidade no passe. Seja a jogar curto, para o lateral; a fazer passes verticais, pela zona central; ou até a sobrevoar a organização defensiva do adversário com passes longos, em diagonal.

No capítulo defensivo mostra que não é preciso cerrar os dentes para mostrar eficácia. A tal elegância vê-se também na forma como lê os lances, como antecipa problemas e como desarma com leveza.

Antes, no Friburgo, agora no Union Berlin, ou mesmo na seleção sub-21 da Alemanha, Nico tem mostrado que encaixa bem tanto numa linha de quatro defesas como num esquema de três centrais. Tudo dependerá sempre da dinâmica assumida, desde que seja aproveitada a influência que Schlotterbeck pode assumir na construção de jogo.

Um central moderno, ainda a dar os primeiros passos na Bundesliga, mas com características para fazer parte do futuro do futebol alemão.