P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos. 

Com apenas doze jogadores da equipa principal disponíveis para a receção ao Nápoles, da segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, o Barcelona bem precisava de alguns dos talentos que tem desperdiçado.

A boa notícia é que a maior parte desses jogadores saiu por empréstimo, pelo que pode tirar proveito dessa experiência para voltar com outra maturidade (e com outra reputação também).

É o caso de Oriol Busquets, cedido ao Twente. É verdade que o emblema de Enschede está de volta ao principal escalão holandês esta época, e dificilmente lutará por algo mais do que a permanência, mas o jogador, de 21 anos, encarou a experiência com o espírito certo.

«Sair do Barcelona é um choque com a realidade», afirmou recentemente em entrevista ao Mundo Deportivo, na qual fez um balanço da primeira experiência fora da formação blaugrana, à qual está ligado desde 2007.

«A parte mais difícil é sentir-me inferior ao adversário, embora isso esteja a dar satisfação. As situações difíceis fazem-nos ficar mais fortes. É normal, pois desde os sete anos que estava habituado a ganhar e a ser melhor do que o adversário», referiu ainda.

Estas palavras mostram que, para além da qualidade técnico-tática, Busquets revela inteligência na forma como olha para o jogo, e isso é algo que a história do Barcelona “obriga” a valorizar.

Com 21 jogos já realizados pelo Twente, muitos deles como central, Oriol sente que tem melhorado sobretudo as tarefas defensivas, até pela tal novidade de ter menos posse de bola do que o adversário.

Um «upgrade» certamente útil, para juntar aos atributos que já reunia, dignos do ADN do Barcelona. Um médio que gosta de assumir influência na primeira fase de construção, seja na zona intermédia ou recuando para junto dos centrais. Que não foge do risco, mesmo quando o adversário decide pressionar alto. Que procura dar verticalidade à equipa, quebrar as linhas contrárias, mas também com capacidade para virar rapidamente o centro do jogo, de um flanco para o outro, possibilitando que a equipa explore a largura enquanto o adversário adapta o bloco defensivo.

É certo que o Barcelona já tem Sergio Busquets (não, não é familiar) e Frenkie de Jong, cuja convivência ainda requer muita afinação, mas Oriol é um valor que a direção desportiva do clube deve ter em conta. Ou então será mais um produto de La Masia a brilhar noutro lado.