O Paços de Ferreira acreditou, respirou fundo e deu uma prova de maturidade, na vitória histórica frente ao Tottenham, 1-0, na primeira mão do play-off da Liga Conferência.

Jorge Simão tinha pedido: «Deem-nos a oportunidade de poder lutar pelo jogo». E não só lutaram pelo jogo como venceram e deram mais um passo rumo à fase de grupos. As «diferenças abissais» de que o treinador falava não se notaram em campo, até porque o onze adversário tinha menos estrelas do que o habitual.

No Paços de Ferreira, que vinha da pesada derrota de 3-0 no Bessa, na segunda-feira, apenas uma alteração: a entrada de Hélder Ferreira para o lugar de Delgado.

Já o Tottenham viajou para Portugal sem Harry Kane - cujo futuro nos Spurs ainda é incerto - e, na conferência de imprensa de antevisão do encontro, Nuno Espírito Santo tinha deixado antever algumas mudanças no onze. E assim foi, com a aposta em vários jogadores dos sub-23, deixando de fora muitos dos grandes nomes da equipa.

Apesar de ser uma equipa bastante diferente daquela que no passado fim-de-semana venceu o Manchester City, o Tottenham apresentava em campo nomes como Lo Celso, Sessegnon, Bryan Gil e Romero. Continuava a pairar no ar um certo sentimento de David contra Golias, o que explica algum nervosismo nos minutos iniciais dos jogadores do Paços de Ferreira, que se foi dissipando com o passar do tempo.

Os Spurs começaram logo por tentar chegar à baliza de André Ferreira, na combinação entre Bryan Gil e Sessegnon na esquerda, com Antunes a cortar para canto. E voltou a tentar a seguir, com os mesmos protagonistas, mas Luiz Carlos resolveu antes que chegassem a zona de perigo.

Depois, o Tottenham foi mostrando que a equipa não estava devidamente entrosada para fazer o rolo compressor que se podia esperar ao olhar para os nomes das duas equipas em campo, e o Paços começou a tranquilizar-se e a aproveitar os espaços para tentar chegar junto à baliza de Gollini. Assim o fez, com Eustáquio, Nuno Santos e Hélder Ferreira a colocarem na frente para Denilson e Lucas Silva.

Aos poucos os pacenses foram conquistando terreno e aparecendo com algum perigo junto à área dos Spurs. Logo aos 11 minutos, na sequência de um lançamento lateral muito rápido de Antunes, Denilson supreende toda a gente e entrou na área, mas não consegue controlar a bola e o guadião dos Spurs a conseguir resolver.

Mais tarde, Denilson voltaria a receber em zona perigosa. Muito sozinho, conseguiu ainda segurar até ganhar o livre junto à área numa das vezes, e canto noutra. O golo do Paços de Ferreira já não parecia uma miragem tão distante, e imaginava-se que pudesse acontecer num lance semelhante a qualquer momento.

Do outro lado, o Tottenham ia chegando à área sobretudo de bola parada - com a equipa pacense, muito solidária, a conseguir sempre resolver - e em lances de ataque apoiados por Lo Celso, com Sessegnon e Bryan Gil, mas sem conseguirem criar situações flagrantes de golo. Faltava mesmo alguma consistência à equipa de Nuno Espírito Santo.

Até que, mesmo ao cair do pano da primeira parte, o golo pacense chegou mesmo. Nuno Santos fez o passe longo para a desmarcação de Lucas Silva, que, só com o guarda-redes pela frente, não hesitou, não tremeu, atirou para o fundo da baliza e levou a Mata Real ao rubro.

Não havia melhor maneira de a formação da casa ir para o intervalo.

Na segunda parte, o Tottenham entrou com os olhos postos no empate. Sessegnon vinha muito dinâmico, focado na baliza, e em conseguir criar perigo. Um remate saiu por cima.

Bem Davies ainda conseguiu um cabeceamento na área, num canto, mas também sem que seguisse o caminho da baliza. E Lo Celso bateu um livre para a área que André Ferreira segurou.

O Paços acreditava cada vez mais, tentava segurar a vantagem e teve algumas incursões até à área adversária, mas é inegável (e compreensível) que o foco era garantir que a vitória não fugia.

O tempo passou, o golo do Tottenham não chegou, não só por demérito próprio, mas também por uma grande prova de competência e maturidade da equipa pacense. Na bancadas, a emoção e entusiasmo dos adeptos era visível. E a festa que tanto ansiavam chegou mesmo.

O Paços de Ferreira venceu o Tottenham e deu mais um passo rumo à fase de grupos da Liga Conferência. Na próxima semana há mais.