Esta sexta, a partir das 20h15, nas Aves, tem lugar a primeira mão do play-off de apuramento da 18.ª vaga da Liga 14/15.

dois candidatos ao lugar: o Paços de Ferreira, 15.º e penúltimo classificado da Liga 13/14, com os mesmos 24 pontos do último classificado, o Olhanense; e o Desportivo das Aves, quarto classificado da II Liga 13/14, a primeira equipa elegível para a subida que não conseguiu garantir o acesso à Liga nas 42 jornadas do campeonato do segundo escalão profissional.

Olhando para a história recente dos dois conjuntos, é suposto que o Paços reúna amplo favoritismo: começou a época a disputar o «play-off» de acesso à fase de grupos da Champions e, nos últimos anos, habituou-nos a fazer bons campeonatos no escalão principal das ligas profissionais.

De registo mais modesto, o Aves subiu pela primeira vez à então I Divisão Nacional em 1985, pelo mão do prof. Neca, uma espécie de «treinador-fétiche» para o clube: depois dessa subida em 84/85 (época em que foi campeão da então II Divisão Nacional, quando esta era repartida em três zonas), repetiu o feito duas vezes, em 2000 e 2006 (a foto é referente ao plantel que assegurou a subida em 1999/2000). 

Regresso ao passado  

Este apuramento de vaga para a próxima edição da Liga já depois do fim dos campeonatos tem um sabor de regresso ao passado.

Trata-se de situação pouco habitual na Liga portuguesa, mas que já aconteceu, na década de 80. Em duas temporadas consecutivas, 84/85 e 85/86, foi realizado um «Torneio de Competência», com quatro equipas, para se apurar apenas um premiado.

Curiosamente, o Desp. Aves participou no segundo, tendo somado sete pontos em seis jogos, os mesmos do União da Madeira e à frente do Águeda, que só somou um. Mas quem foi premiado foi o Varzim, com nove pontos.

No ano anterior, o Chaves garantiu a presença na I Divisão, somando nove pontos em seis jogos, os mesmos do Rio Ave, e mais que União da Madeira e Leiria. 

Já houve alargamentos provocados pelo caso Famalicão-Fafe-Macedo de Cavaleiros, nas divisões secundárias houve vários casos de apuramentos pós-campeonato, mas o acesso ao escalão principal tem ficado protegido desta forma de acesso.

A última oportunidade

O Paços de Ferreira começa a ter, esta noite, a última oportunidade de minimizar uma época… lamentável.

Depois de ter feito história na temporada passada, com Paulo Fonseca, o terceiro lugar conquistado, e consequente apuramento para o «play-off» da Champions, os meses que se seguiram foram de aproveitamento bem mais negativo na Mata Real.

Uma temporada em constante sobressalto, com três treinadores diferentes (Costinha, Henrique Calisto, Jorge Costa), todos eles contestados, marcam um percurso simplesmente para esquecer.

O Paços só não desceu já à II Liga graças à reintegração do Boavista, que permitiu uma última oportunidade ao 15.º classificado da Liga principal. Num ano normal, a posição do Paços na tabela ter-lhe-ia custado a descida de divisão.

Mesmo assim, Jorge Costa acredita que a sua equipa aparecerá bem melhor do que nas partidas da reta final do campeonato (apenas um ponto somado nas últimas cinco jornadas).

«Ao longo desta semana senti que a equipa está bem, os jogadores estão libertos, com muita vontade de jogar e, naturalmente, com um pouco de ansiedade para o jogo começar. Temos que encarar estes dois jogos como se da Liga dos Campeões se tratasse. Se sairmos bem desta eliminatória, naturalmente festejaremos com a mesma vontade do terceiro lugar da época passada», apontou o treinador do Paços, que rendeu Calisto no final de fevereiro.

Três meses antes, no final de outubro de 2013, Calisto rendera Costinha. Três treinadores, dois despedimentos, contestação permanente num Paços que, claramente, não foi capaz de gerir o sucesso tremendo da época passada e a consequente perda de Paulo Fonseca para o FC Porto e de alguns jogadores nucleares.

Com todo o plantel à sua disposição, Jorge Costa chamou 18 jogadores para a partida desta noite.

Combate (des)igual


Fernando Valente, treinador do Desp. Aves, vê no jogo desta sexta a primeira de duas oportunidades que a sua equipa tem para atingir o escalão principal das ligas profissionais: «A duas mãos, cheira-me a eliminatória da Liga dos Campeões e isso o Paços já viveu. Para nós, disputar a subida é uma oportunidade de consolidar o que fizemos durante a época, com trabalho e competência».

Será o Paços favorito? Fernando Valente admite que essa é a leitura mais óbvia, mas o que vai mesmo dedidir será «o que se passar lá dentro do campo em 180 minutos ou mais».

«Não lidamos com armas iguais, mas, se pusermos em campo aquilo que fizemos como equipa, podemos ter as nossas possibilidades. Temos de ter a capacidade de perceber cada jogo, porque cada jogo tem a sua história», insiste Fernando Valente. Mesmo assim, o técnico do Aves, equipa que terminou o campeonato da II Liga em quarto lugar, com 71 pontos (terceiro elegível para a subida, dado que o FC Porto B, que foi segundo com 77, não podia ser promovido) admite que «uma situação individual» possa fazer a diferença.

Quanto vale o primeiro jogo?

Disputar uma vaga da Liga em dois jogos é uma situação muito específica. Quanto valerá o primeiro jogo? Jogar em casa será uma vantagem ou um problema?

Fernando Valente, treinador do Desp. Aves, aponta: «A equipa que começa a jogar fora pode gerir melhor o jogo, mas as regras estavam definidas. Isso funciona apenas em teoria e não tem significado nenhum. Quando o jogo começa as emoções são completamente diferentes e um golo cedo pode mudar por completo as coisas».

Um momento especial

Ganhe, empate ou perca esta sexta-feira, festeje ou não a subida na próxima quarta, Fernando Valente viverá o ponto mais alto numa carreira já longa, sempre a orientar equipas nos escalões secundários: «Que ganhe o que for mais competente, certo de que, aconteça o que acontecer, sairemos com a cabeça levantada», aponta o treinador, de 54 anos.

O avançado Jaime Poulsen, emprestado ao Desportivo das Aves pelo Paços de Ferreira, fica de fora dos dois jogos do play-off para sua «proteção», explica o técnico Fernando Valente.

Já o defesa Miguel Vieira volta a ser opção depois de ter cumprido castigo no jogo contra o Académico de Viseu na última jornada da II Liga.

Luís Sousa, defesa também cedido pelo Paços, falha o jogo por lesão. O guarda-redes Ricardo Moura, os médios Ruben neves e Diogo Pires e os avançados João Paulo Ribeiro e Rodrigues estão também ausentes da lista de 18 convocados por opção.

Play-off com bilhetes «low cost»


Tanto o jogo desta sexta, nas Aves, como a decisão, na quarta, em Paços, terão bilhetes «low cost»: três euros serão suficientes para se ver nas bancadas cada partida, na sequência de um acordo entre as direções dos dois clubes.

Logo à noite, a partir das 20.15h, vai fazer-se história nas Aves: o clube disputa, com o Paços de Ferreira, a 18.ª vaga na Liga 14/15.

Quem conseguirá partir para a decisão na Mata Real em melhores condições de fazer a festa? 


PAÇOS


Outros convocados: António Filipe, Romeu, André Leão, Romeu, Ricardo, Rodrigo António, Minhoca, Osei


DESP. AVES


Outros convocados: Faria, Filipe Sousa, Miguel Vieira, Grosso, Zé Valente, Luís Manuel, Andrew