A II Liga entra na última paragem antes da reta final ainda mais embrulhada, depois de uma jornada que aproximou os candidatos à subida. Se a distância do Paços de Ferreira é ainda assim mais que confortável, há apenas três pontos a separar Famalicão, Académica e Estoril na corrida ao segundo bilhete para a Liga. Mesmo com um líder claro, esta época está a confirmar a tradicional tendência de equilíbrio da II Liga. E também uma outra, a da instabilidade nos bancos.

A derrota na visita ao Sp. Covilhã, a surpresa desta segunda volta, precipitou a mudança de treinador na segunda equipa em melhor posição de subida. O Famalicão, que tem vindo em perda, trocou Sérgio Vieira por Carlos Pinto a quatro jornadas do fim. O que deixou apenas cinco das 18 equipas com o treinador que começou a época: Paços Ferreira, FC Porto B, Penafiel, Oliveirense e V. Guimarães B. Todos os outros já mudaram, ainda que nalguns casos tenha sido uma outra saída profissional do treinador a ditar a alteração, como aconteceu com o Benfica B, quando Bruno Lage subiu à equipa principal, ou com o Mafra, que Filipe Martins trocou pelo Feirense.

São quatro candidatos de peso numa luta pela subida a duas velocidades. À frente de todos o Paços Ferreira, que perdeu pontos na última jornada, no empate com o Estoril, mas mantém 11 de vantagem na frente e mais jornada menos jornada deverá festejar o regresso à Liga, apenas um ano depois de descer. A fórmula Vítor Oliveira volta a ser mágica e o treinador prepara-se para celebrar a 11ª subida de divisão. Onde tudo começou em 1990/91, quando subiu pela primeira vez com o Paços Ferreira.

Daí para baixo, a luta promete ser intensa e a três. O Famalicão é segundo, com 48 pontos, e a seguir vêm Académica, a dois pontos de distância, e Estoril, a três pontos. E ainda há duelos diretos entre eles para animar a expectativa. Até à última jornada, a 19 de maio.

Veja a classificação da II Liga

O Famalicão é de todos aquele com mais saudades da Liga. Foi há 25 anos que o clube esteve pela última vez no principal escalão. Esta época passou grande parte do campeonato em zona de subida, alimentado por uma base de adeptos fiel: é o clube com melhores assistências no campeonato e com um recorde de mais de cinco mil nas bancadas no jogo da segunda volta com o Paços Ferreira. Tem média de 3.125 espectadores por jogo, mais do que um terço dos clubes da Liga.

A meta está próxima, mas para isso a equipa precisa de inverter a tendência recente de quebra: não vence há três jogos. Além do mais, é o único dos candidatos que defronta os dois rivais diretos até ao fim do campeonato.

A Académica, que logo em outubro fez chegar João Alves a substituir Carlos Pinto, que entretanto acaba de voltar para assumir o Famalicão, está a fazer uma segunda volta em crescendo, que lhe permitiu recuperar até ao terceiro lugar. Foi a grande vencedora da última ronda, quando bateu o Sp. Braga B e ganhou pontos a toda a concorrência. Também é dos candidatos quem está em melhor momento, com cinco vitórias nos últimos seis jogos, ciclo interrompido apenas com a derrota na visita ao Estoril. E com João Alves a poder também repetir a subida em Coimbra, depois de já o ter conseguido em 2001/02.

Enorme expectativa também em Coimbra a torcer pelo regresso da Briosa à Liga, três anos depois de cair. A Académica é a segunda equipa com mais espectadores no campeonato, média de 2.777, com o Paços Ferreira no terceiro lugar.

Quanto ao Estoril, que no final de janeiro viu sair Luís Freire e chegar Bruno Baltazar para o comando técnico, passou sem derrotas um ciclo que incluiu jogos com Académica e com o líder Paços Ferreira e continua na luta para voltar a subir, apenas um ano depois de descer. Tem para breve outra deslocação difícil, a casa do Sp. Covilhã, que está a fazer uma segunda volta incrível.

No dobrar do campeonato o Sp. Covilhã estava colado à linha de água, desde então somou 21 pontos, 10 jogos sem derrotas, o melhor registo em absoluto desta segunda volta. Ainda assim, a recuperação já terá sido tardia, uma vez que são 11 os pontos de distância para o primeiro lugar de subida.

Além das duas subidas em campo, haverá outro regresso à Liga, com a anunciada integração do Gil Vicente na próxima época, no âmbito do Caso Mateus.

Quanto a descidas, serão três os clubes despromovidos e está um verdadeiro nó. Há apenas três pontos de distância entre o último lugar de despromoção e o 11º lugar, onde está o Arouca, com 31 pontos. Um espaço onde cabem ainda Cova da Piedade (31), Oliveirense (30), Farense (29) e Sp. Braga B, com 28 pontos, tantos pontos quanto Varzim e Ac. Viseu. O V. Guimarães B é último com 26 pontos, ainda com tudo em aberto e vindo de uma vitória na ronda passada sobre o Farense.

Se no fundo ainda é impossível definir tendências, na frente está mais claro quem serão os protagonistas da corrida à subida. Fica aqui o calendário de Paços de Ferreira e dos restantes três candidatos, a antecipar o que aí vem.  

Paços Ferreira

Depois do empate com o Estoril, não volta a defrontar nenhum dos principais candidatos à subida, embora ainda tenha quatro deslocações teoricamente exigentes e uma reta final que se cruza com a luta pela permanência.

Famalicão

Ainda tem dois duelos diretos pela frente, a receção à Académica em meados de abril e a visita ao Estoril na última jornada. Por essa altura pode estar já tudo resolvido, mas também pode estar tudo em jogo.

Académica

A visita a Famalicão, daqui por três jornadas, poderá definir boa parte do equilíbrio de forças para a reta final, num campeonato que termina com dois desafios exigentes: em casa com o Sp. Covilhã e, a fechar o campeonato, em casa do Varzim, onde a luta é pela permanência.

Estoril

Já daqui por duas jornadas uma visita ao Sp. Covilhã, a melhor equipa da segunda volta. Pelo caminho Farense, Oliveirense ou Ac. Viseu, equipas a lutar para não descer, até à última jornada em Famalicão.