Na noite em que a direção cobriu a Amoreira de amarelo, a equipa olhou para a cor como qualquer português o faz: até prova em contrário, é para seguir em frente. Enquanto não estiver vermelho, portanto, pode continuar-se. O P. Ferreira esteve muito longe de colocar o jogo no vermelho e o Estoril seguiu em frente com toda a naturalidade.

Mas por partes.

Antes de mais convém explicar que o Estoril abriu as portas esta noite à Iniciativa Amarela: bastava aos adeptos trazer um peça de roupa amarela para entrarem à borla. A resposta foi quase três mil pessoas nas bancadas (2 914, mais precisamente), muita cor e muita festa, está bom de ver.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores

A partir daí, repete-se, o jogo foi todo amarelo. O Estoril mandou praticamente sempre na partida, perante um P. Ferreira muito apático, mas só acelerou em circunstâncias muito especiais: quando sentia que manter aquele ritmo podia obrigá-lo a parar. Acelerou menos na primeira parte, foi acelerando mais na segunda à procura do golo da tranquilidade.

Se bem que falar aqui de golo da tranquilidade é um exagero: a vitória nunca esteve em risco.

Mesmo assim, já se sabe, mais vale prevenir. Foi isso que o Estoril fez depois de uma primeira parte que terminou com a formação de Marco Silva na frente, e muito justamente.

Bruno Lopes e Carlitos deram os primeiros aviso logo no início do jogo, Tiago Gomes acordou o jogo à passagem da meia hora, João Pedro Galvão abriu o marcador no fim de uma excelente jogada de Carlitos, que trabalhou desde a esquerda até ao centro para isolar o companheiro na altura certa.

Destaques: Carlitos, arte e engenho

O P. Ferreira, perante este Estoril em ritmo de segunda feira à noite, foi incapaz de estimular o jogo. Cometeu enormes falhas de posicionamento, teve pouco vigor, perdeu quase sempre os duelos individuais e praticamente só chegou à baliza adversária em bolas paradas.

A equpa é uma pálida imagem do que podia ser: os jogadores estão sem confiança. A primeira parte foi por isso má, mas a verdade é que as coisas podiam piorar: e pioraram mesmo.

Pioraram na segunda parte, exatamente. Uma segunda parte que foi um festival de golos perdidos do Estoril. A formação de Marco Silva, lá está, sentiu que aquela margem mínima era pouco recomendável e acelerou com mais frequência do que tinha feito na primeira parte.

A partir daí ficou perto do golo em remates de João Pedro Galvão, por duas vezes, Tiago Gomes, Bruno Lopes, por duas vezes, e numa grande oportunidade de Balboa. Foram demasiadas ocasiões de golo para não abalar o escasso crédito do P. Ferreira. Que descarrilou por ali abaixo até tornar oficial que até aqui era oficioso: que está fora dos lugares de permanência. Vai ser um sofrimento até ao fim da época.

O Estoril, esse, está a um ponto de garantir o quarto lugar.