O Paços tinha tudo para perder pela oitava vez seguida esta época. Até estava com menos um elemento. Mas a equipa de Costinha teve tamanho coração em campo que o destino decidiu, finalmente, dar um brinde aos «castores».

O 1-1, sendo um resultado justo, mostra a maior qualidade sadina, mas mostra também que o Paços tentou tanto, mas tanto, marcar, que seria profundamente injusto que terminasse este encontro com uma derrota.

A crise pacense fez-se sentir na primeira fase do encontro.

Os lances não saíam, o jogo não parecia ligado, o discernimento era pouco na hora de rematar.

Mais tranquilo, o V. Setúbal começou a dar sinais de perigo logo nos primeiros minutos.

Em lance com mérito para Cohene, Ramon Cardozo finalizou de cabeça e agravou o estado de choque dos pacenses: bem cedo, a equipa começava a perder, em partida que seria de triunfo obrigatório.

Aproveitando a escalada de nervosismo dos pacenses, o V. Setúbal teve, após o 0-1, uma fase de claro domínio, em que poderia ter aumentado para 0-2. Primeiro, através de um remate de Ruben. Depois, no lance que mudou o sentido do encontro: Rafael Martins é derrubado claramente na área por António Filipe (penálti bem assinalado) e, na sequência, Dani cobra a grande penalidade. O remate foi tão colocado que bateu no poste.

Caso entrasse, o 0-2 seria chapa talvez demasiado expressivo para que os pacenses sonhassem com uma viragem.

Mas aquele toque ao poste (feito, curiosamente, por um antigo pacense, naqueles momentos caprichosos que o destino reserva no futebol) teve um efeito moralizador nos pacenses. Afinal, havia ainda esperança na reviravolta.

O Paços voltou a acreditar e partiu para uma reta final de primeira parte de bom nível, ainda que com mais coração do que cabeça. Oportunidades para marcar não faltaram: o que faltou foi discernimento e, aqui e ali, uma pontinha de sorte.

Do cabeceamento de Gregory, ao remate de André Leão, passando pelas tentativas de Sérgio Oliveira, foram muitos os momentos que poderiam ter redundado no 1-1.

Mas a verdade é que a bola não entrou e o intervalo chegou com 0-1 no marcador.

A paragem fez bem ao V. Setúbal. Partindo para o segundo

tempo com vantagem curta, mas preciosa, os sadinos conseguiram estancar o ímpeto dos «castores». E Ramon Cardozo, num dos lances iniciais do segundo tempo, quase, quase fez o 0-2, num pontapé de bicicleta vistoso, que terminou em bola na barra.

O Paços não desistiu de acreditar, mas foi sendo, progressivamente, menos perigoso. E tudo ficou ainda mais difícil para a equipa de Costinha quando Gregory foi expulso por acumulação de cartões amarelos, na sequência de uma simulação de grande penalidade.

Só que o coração pacense era enorme, tão grande como a vontade de pontuar pela primeira vez esta época. Num livre de Manuel José, a bola bate na trave e, na recarga, Ricardo de cabeça faz o empate.

A partida já caminhava para o final, mas, mesmo com menos um, o Paços voltava a acreditar. Hurtado, de cabeça, quase fez o 2-1. Já nos descontos, uma grande assistência de Manuel José não deu no triunfo por milímetros.