Pagar para ganhar parece natural e acaba por ser motivar ainda mais os elementos de determinada equipa. O Maisfutebol descobriu um caso no campeonato principal ocorrido durante a temporada 2005/06.

Um dos sete empates do Benfica ao longo dessa campanha rendeu 2.500 euros a cada jogador da equipa adversária. O clube da Luz viria a terminar a época na terceira posição da tabela classificativa da Liga.

Segundo um dos atletas recompensados, que preferiu não divulgar o nome do seu clube, o valor foi pago por um dos adversários da formação encarnada na corrida ao título nacional.

Nos últimos anos, com as penas previstas no Regulamento Disciplinar das competições organizadas pela Liga, começaram a escassear informações concretas de incentivos de terceiros. Mas a história está repleta de casos.

Em abril, a revista Sábado publicou uma reportagem sobre o tema em que Neno admitiu ter recebido 250 contos ao serviço do Barreirense, na II Divisão, e Octávio Machado falou de uma proposta de prémio do Salgueiros ao F.C. Porto para vencer o Gil Vicente. Proposta recusada pelos dragões.

Um caso recente com impacto mediático

Aqui fica um exemplo mais recente que fez correr muita tinta: na temporada 2009/10, Benfica e Sp. Braga lutavam pelo título nacional e surgiram notícias de uma tentativa de aliciamento ao Leixões.

Segundo os jornais Record e Correio da Manhã, um empresário teria oferecido 50 mil euros aos capitães do Leixões para atrasar o Benfica na corrida pelo título. O Sp. Braga negou qualquer envolvimento no caso e o clube de Matosinhos garantiu não ter aceite o prémio.

5-0. O Benfica acabou por golear a equipa nortenha no Estádio da Luz. Houve lugar à abertura de um processo mas, sem provas e com o empresário a negar a versão apresentada, o caso foi arquivado.

O incentivo não serve como garantia

Quase todos os casos a que o Maisfutebol teve acesso estão relacionados com a luta pela subida ao escalão principal. Um deles remonta à época 2010/11, ou seja, prova que o fenómeno não é mesmo coisa do passado.

O Estoril, ocupando uma posição tranquila na classificação, defrontou um Gil Vicente que ocupava as posições cimeiras. Durante a semana, um dos jogadores da equipa da Linha foi contactado por um adversário direto dos gilistas.

«Seriam cerca de 30 mil euros para dividir pelos jogadores do Estoril, em caso de vitória», revela um elemento relacionado com a história.

Porém, o incentivo não serve como garantia. O Gil Vicente acabou por vencer o encontro e o prémio, como tal, não foi pago. A formação nortenha subiu de divisão no final dessa temporada, garantiu até o título na última jornada e continua a militar na Liga.

Curiosamente, o Gil Vicente recebe o Estoril neste domingo, no derradeiro capítulo da luta pela manutenção.

Na II Divisão há de tudo

Mais abaixo, na II Divisão, há de tudo um pouco. Seria lógico pensar que os valores baixariam consideravelmente por se tratar de um escalão inferior, com equipas não-profissionais. Mas nem sempre é assim.

Se um empate com o Benfica na Liga valeu 2.500 euros, o Maisfutebol pode acrescentar que, anos antes, houve um prémio superior a 5.000 euros para os jogadores que travaram um dos candidatos à subida para a Liga de Honra. Um valor astromónico para o terceiro escalão do futebol nacional.

As quantias variam e, por vezes, parecem até simbólicas. Não o são para jogadores que têm o estatuto de amadores. «Há uns anos, na II Divisão B, um clube prometeu-nos um prémio em caso de vitória ou empate frente um candidato à subida. Só empatámos e isso acabou por dar 250 euros a cada um», explica um atleta ao nosso jornal, sob anonimato.